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Lição 1
AUTO (Tipo de texto)
Surgido em Portugal na era medieval, a palavra auto vem do termo actum, significando qualquer obra representada, ou seja, referia-se a todas as peças teatrais. É uma das formas mais populares do antigo teatro português.
Sua definição tornou-se problemática por comportar na época medieval qualquer peça de teatro. Um auto poderia ser qualquer outra modalidade do gênero dramático. Suas características formais, temáticas e ideológicas são de difícil caracterização individualizada.
Inicialmente, os autos eram encenados em templos religiosos, depois nas portas de entrada das igrejas e pátios. Posteriormente, as apresentações passaram a acontecer em feiras, mercados e praças públicas, quando se torna um gênero dramático de feição popular. Foi nessa época também que, ao sair das igrejas, os autos passaram também a tratar de assuntos profanos. Não que havia autos religiosos e autos profanos, separadamente. O que ocorria era a coexistência dos dois elementos dentro da mesma peça.
De qualquer forma, com o passar do tempo, o auto passou a ser definido como uma peça de curta duração de conteúdo religioso ou profano, burlesco e alegórico, escrito geralmente em verso. Sua característica principal é o conteúdo simbólico, cujos personagens são entidades abstratas, geralmente de caráter religioso ou moral (o pecado, a luxúria, a bondade, a virtude, entre outros).
As personagens preferidas são planas, apresentando-se, às vezes, como tipos ou caricaturas, o que resulta no humor da obra. Existem também personagens alegóricas. Nem sempre encontramos unidade temática e formal; muitos autos fogem à regra. A linguagem é coloquial, e o cenário, simples. As marcações teatrais são mínimas.
O maior representante luso dessa modalidade dramática é Gil Vicente, com autos que romperam os tempos e são dramatizados até hoje, como é o caso do Auto da Barca do Inferno. No Brasil, Ariano Suassuna é um dos grandes exemplos de escritores de autos, com peças importantíssimas e muito conhecidas, como em O Auto da Compadecida.
Referência: siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/conteudo/o/34422