Sociologia: 3° Bimestre
(ATIVIDADE II)
Orientações:
1.
Efetuar a leitura do texto;
2.
Executar as atividades conforme orientação do professor;
4.
Data de entrega: 04/09/2020
RACISMO ESTRUTURAL: A BANALIZAÇÃO DA
EXPRESSÃO NAS REDES SOCIAIS
Por: Ricardo Corrêa, enviado para o portal Geledés
Os debates nas redes sociais sobre
política, esportes, músicas, reality shows, entre outros assuntos,
têm sido bastante calorosos e um campo abundante para o envolvimento das
questões raciais. Em partes é muito interessante, já que nos deparamos com
inúmeros pontos de vista que podem ajudar a formar nossas próprias opiniões.
Nesses últimos tempos, o racismo tem
ganhado maior dimensão, escancarando a influência no modo de vida social. Por
exemplo, a visibilidade das ocorrências de manifestações racistas nos estádios
de futebol. Na música e no cinema observamos artistas negros sendo
objetificados e hipersexualizados. Em programas de TV, estigmas e estereótipos
continuam nos atingindo. Nos espaços de poder, a ausência de pessoas negras
segue demonstrando a farsa da “democracia racial”. Portanto, existem diversas
questões que demandam de reflexões profundas para combater a normalização e
reprodução das práticas racistas. No entanto, percebemos a banalização da
expressão racismo estrutural em vários contextos. Qualquer
notícia de casos de ofensa a uma pessoa negra, ou comentário racista dentro de
um reality show, é o suficiente para essa expressão ser colocada em exaustão.
Não tenho dúvidas sobre a importância
de discutirmos o racismo como elemento estrutural e estruturante na sociedade.
Se não fosse a sua existência não teríamos milhares de pessoas negras
sobrevivendo na marginalização e com chances mínimas de superação. Mas o
racismo estrutural carrega demasiada complexidade para ser aplicado de maneira
simplificada. A cientista política Iris Marion Young elaborou uma metáfora bastante
didática acerca dessa expressão:
“Se alguém pensa em racismo examinando
apenas um fio da gaiola ou apenas uma forma de desvantagem, é difícil entender
como e por que o pássaro está preso. Somente um grande número de fios
dispostos de uma maneira específica e conectados um ao outro serve para
envolver o pássaro e garantir que ele não possa escapar”.
Dessa metáfora, entendemos que o
racismo estrutural contempla diversos mecanismos interligados, um arcabouço de
obstáculos que mantém as cidadanias mutiladas, como diria o
professor Milton Santos. Nesse sentido, a superação de qualquer um desses
mecanismos não possibilita resolver a totalidade do problema racial. Devido a
essa dimensão, a aplicação da expressão não pode ser resumida na ordem
individual ou moral. O jurista e filósofo, Silvio Almeida, esclarece:
“Quando a gente fala de racismo estrutural, o
adjetivo estrutural indica não ser apenas o resultado de atos voluntários, que
se limitam ao plano individual. Ele é, na verdade, um processo. A gente só
consegue entender como a raça configura as relações de poder em nível
institucional e político se entendermos a força que o racismo tem na nossa vida”.
Diante desses ângulos, devemos atuar
com responsabilidade nos debates públicos, escaparmos do senso comum e
ampliarmos o espectro na análise do problema. Não podemos sintetizar as
análises jogando conceitos como se a raiz do problema estivesse evidente. Isso
dificulta qualquer construção estratégica para o encaminhamento do combate ao
racismo, seja dentro dos movimentos e organizações, seja por aqueles que de alguma
maneira estão enfrentando a opressão racial. De nada adiantará discussões
irreflexivas, como se as expressões que leem as nuances dos problemas sociais
conseguirão mudar o que está colocado em nossas vidas. A luta contra a opressão
racial é um ato político, e, como tal, deve acontecer radicalmente sem ceder ao
espetáculo que se tornou as redes sociais.
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS
ALEXANDER,
Michelle. A nova segregação: racismo e encarceramento em massa. São
Paulo: Boitempo, 2018.
SANTOS,
Milton. Cidadanias mutiladas. In: LERNER, Julio (Ed.). O preconceito. São
Paulo: IMESP, 1996/1997, p. 133-144.
PESQUISA
PARA ENTREGAR
Vamos
investigar como a população de sua comunidade ou bairro “encara” o preconceito
e o racismo. Realize uma entrevista com 5 pessoas (podem ser familiares ou
amigos) perguntando o que pensam sobre as reivindicações de alguns grupos
étnicos brasileiros (como por exemplo, negros e indígenas). Descreva os
resultados da pesquisa e compare com o texto acima. Finalize descreva sua opinião (mínimo 15
linhas).