Prof. Sandro Espinoli
Matéria: Língua Portuguesa Série: 8°B e 8°C
e-mail: espinoli2020@bol.com.br
Pra aula de hoje proponho responder essa reportagem no próprio documento e enviar no meu e-mail
Reportagem: GERAÇÃO TIPO ASSIM
Imagens comparativas e novas gírias reacendem a discussão sobre a erosão da linguagem entre os jovens
Ao adolescente dos anos 90 que não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos, resta o consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Para esses grupos, segundo estudiosos como o poeta, tradutor e ensaísta José Paulo Paes, tem sido cada vez mais cômodo seguir o caminho das imagens comparativas, evitando expor o próprio potencial intelectual ao risco de um raciocínio elaborado. Não é à toa que um dos recursos mais usados hoje para facilitar a explicação de uma ideia é o “tipo assim” (“Ele é um cara tipo assim...”). [...]
Enquanto a discussão volta a mobilizar estudiosos, novas gírias são criadas e absorvidas numa velocidade impressionante. [...] “A conversa de adolescentes é feita de diálogos exclamativos e sem fluência, próprios de quem apenas reafirma um comportamento de grupo”, alerta Paes. O poeta reconhece, no entanto, que “existem gírias muito saborosas”. Mas restringe: “Gíria é coisa de moda. Muitas vezes você substitui uma boa intensão verbal de gírias anteriores sem que haja ganhos expressivos.”
Em outra vertente, o escritor Affonso Romano de Sant´Anna acha normal que cada grupo social crie sua própria linguagem. “E os jovens que passaram a existir socialmente a partir dos anos 60, coma emergência do poder juvenil, também tem a sua linguagem”, diz. “Esse é um fato que não recrimino nem reprovo, mas sua constatação é inevitável.” O escritor vê a leitura como única solução para as divergências entre as linguagem usadas por jovens e adultos. “É lendo que você aumenta seu vocabulário”, sugere.
Affonso Romano observa que hoje os jovens não são a única tribo a usar uma linguagem própria, de difícil entendimento por quem está de fora: “O mesmo acontece, por exemplo, com o pessoal que mexe com computador. Sua linguagem é restrita, falava em códigos.” [...]
Os adolescentes não veem problema no uso de gírias e expressões recémcriadas, e julgam seu vocabulário “inofensivo”. “As gírias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. Além disso, é irado falar de um jeito que os professores e o pessoal lá de casa não entendam”, diz Thiago, 16 anos.
“A moda não muda? A de coração não muda? Qual é o problema de atualizar também o vocabulário?”, questiona Tatiana, 17 anos. Sua colega Maíra, 16 anos, tenta explicar o uso frequente de expressões, como o tipo assim: “Você quer falar alguma coisa e descobre uma expressão que consegue resumir seu pensamento. O tipo assim é o espaço que a gente usa para pensar e articular as palavras. É impossível contar uma história sem usar pelo menos um aí”.
“As gírias mudam e não vão deixar de existir. A gente não fala mais é uma brasa, mora? Que era moda nos anos 70. No lugar disso, falamos outras coisas”, justifica o estudante Marcos, 17 anos. “O mais legal disso tudo é que ampliamos o nosso vocabulário”, opina Thiago, afirmando em seguida: “Eu também sei falar formalmente, mas não gosto. Não me dirijo ao padre do colégio com um, aí velhinho. Estou apto a usar a linguagem formal, quando necessário.”
A babel de gírias também afeta os diferentes grupos da mesma geração. “Tenho amigos que convivem com o pessoal que frequenta bailes funk. Eles usam gírias próprias e eu não entendo nada”, conta Tatiana. “Não vejo problema nenhum no fato das tribos não se entenderem. A gente traduz e aprende cada vez mais”, assegura Gabriel, 17 anos.
Jornal do Brasil, Caderno B, 5 maio 1996, p. 7.
(O sobrenome dos adolescentes citados e o nome do colégio em que estudam foram omitidos.) Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 174-8.
01 – Identifique a data em que a reportagem foi publicada, observe as palavras com que ela começa e responda:
a) A reportagem se refere a adolescentes de que época?
b) Quanto tempo separa os adolescentes de hoje dos adolescentes a que a reportagem se refere?
c) Os adolescentes atuais também tem um modo próprio de usar a língua, como os adolescentes da reportagem? Tem opiniões semelhantes às dos adolescentes citados na reportagem?
02 – Releia a primeira frase da reportagem: ela se refere a um adolescente para quem resta um consolo.
a) Se resta um consolo, significa que esse adolescente tem um problema de que precisa ser consolado; qual é o problema?
b) Que consolo resta ao adolescente? Por que isso é um consolo?
03 – As opiniões de José Paulo Paes citadas na reportagem coincidem com as que ele dá na entrevista reproduzida nas páginas 169-170? Comprove sua resposta comparando palavras do escritor na reportagem e na entrevista.
Próxima Postagem - 11 de setembro de 2020 -
Alunos e alunas,
Na próxima postagem, vou dar continuidade ao mesmo assunto.
Obrigado