Professor usa fake news para ensinar
ciência na escola
Alvo de debate ao redor do mundo por seu possível impacto na
democracia, as fake news - notícias inventadas geralmente com o objetivo de
viralizar na internet e influenciar consumidores e eleitores - têm sido
usadas em uma escola particular do interior paulista para ensinar pensamento
crítico e pesquisa científica.
A
iniciativa é do professor de ciências Estêvão Zilioli, de Ourinhos (a 360 km
de São Paulo), que desenvolveu um curso semanal voluntário no contraturno
para alunos do ensino médio. Os próprios estudantes buscam as notícias de
cunho duvidoso para análise em sala de aula.
A ideia é que eles
próprios se perguntem: essa notícia tem fontes e dados confiáveis? Merece ser
acreditada - e compartilhada?
"Eles trazem as
notícias das quais ficam desconfiados. Começamos com notícias de ciências e
saúde, mas os alunos se interessaram também por notícias de entretenimento e
política, por estarmos em um ano eleitoral", conta Zilioli à BBC Brasil.
"O
método de checagem é o mesmo para todas: buscar informações de fontes
confiáveis. Estou falando de método científico, de busca de informações
seguras que possam ser demonstradas, até para eles entenderem que não é
simples provar as coisas."
A aula se centra em
discutir as notícias e em encontrar formas de checar as informações online -
buscando as fontes originais dos fatos ou pesquisando em artigos acadêmicos,
periódicos científicos, IBGE e sites de tribunais eleitorais, por exemplo.
Entre as notícias já
analisadas, estão:
- Uma de que frutas
ingeridas em jejum curam câncer, que os alunos perceberam que não tinha
fontes seguras para garantir a afirmação do título;
- A de uma mãe que teria
aplicado botox na filha pequena (os jovens foram atrás das imagens da mãe,
que é participante de um reality show nos EUA, e estão tentando tirar suas
próprias conclusões pelos vídeos);
- Uma do cientista
Stephen Hawking, morto em março, falando sobre vida extraterrestre (os alunos
descobriram que a notícia em si não era falsa, mas tinha um título
exagerado);
- Uma de que o juiz
Sergio Moro seria orador em cerimônia de universidade americana, a qual,
apesar de ter algumas informações verdadeiras, trazia declarações falsamente
atribuídas a um pesquisador da instituição;
- Uma sobre
terraplanismo, difícil de ser analisada justamente por colocar em xeque
premissas científicas.
As nuances das notícias
têm sido úteis para os alunos entenderem a categorizá-las, diz Zilioli.
"Vimos que há notícias falsas, mas também as que são baseadas em fatos
verdadeiros, porém com títulos exagerados ou sensacionalistas", explica
o professor, notando uma mudança no comportamento dos estudantes.
"Eles já estão mais
treinados a ver o que é falso ou não do que recebem do grupo da família (no
WhatsApp) e pensam duas vezes antes de acreditar. Antes, se uma matéria era
compartilhada muitas vezes, eles achavam que necessariamente era real. Agora,
estão percebendo que esse critério numérico não vale. E mesmo que eles
percebam logo de cara que a notícia é fake, têm de confirmar isso com a
metodologia."
A ideia fez o professor
ser selecionado para o projeto Inovadores, do Google, que o ajudou a
idealizar um site - batizado pelos alunos de Ourinhos de HoaxBusters, ou
Caça-boatos -, que terá uma espécie de "termômetro" para
identificar o quanto cada notícia analisada tem de veracidade.
As aulas vêm ajudando a
estudante Giovana Domiciano Sanches, 16, a identificar notícias falsas que
circulam nos grupos virtuais nas e redes sociais.
"Algumas são
notícias velhas - quando vamos checar as datas e horários, vemos que tem
gente que posta links de 2013, por exemplo", conta Giovana à BBC Brasil.
"Pensando em como o
mundo avançou, com os meios de comunicação e a eleição do (presidente
americano Donald) Trump, é importante para a gente saber como verificar as
informações e compartilhar só depois de ver o conteúdo na íntegra, não só
pelas chamadas."
IDOETA, Paula Adamo.
Professor usa fake News para ensinar ciência na escola. BBC Brasil, São
Paulo, 21 abr. 2018. Disponível em: https://bbc.in/2v4E5hs.
Acesso em 29 set. 2018T
Atividade 1 - análise do gênero textual
*O gênero acima é uma notícia. Localize: qual o fato, onde e quando ocorreu, como e por que aconteceu .
*Qual o tempo (passado, presente ou futuro) é usado no título e na maior parte do texto? Que sentido é produzido com esses usos?
*Quais modos verbais são mais utilizados no texto:
indicativo (mostra certeza) / subjuntivo (mostra possibilidade) / imperativo (mostra ordem ou sugestão)
Atividade 2 - argumentação
Releia os depoimentos do professor e da estudante na notícia:
"Eles já estão mais
treinados a ver o que é falso ou não do que recebem do grupo da família (no
WhatsApp) e pensam duas vezes antes de acreditar. Antes, se uma matéria era
compartilhada muitas vezes, eles achavam que necessariamente era real. Agora,
estão percebendo que esse critério numérico não vale. E mesmo que eles
percebam logo de cara que a notícia é fake, têm de confirmar isso com a
metodologia."
"Pensando em como o
mundo avançou, com os meios de comunicação e a eleição do (presidente
americano Donald) Trump, é importante para a gente saber como verificar as
informações e compartilhar só depois de ver o conteúdo na íntegra, não só
pelas chamadas."
a)Quais as ideias centrais defendidas pelo professor e pela estudante em suas falas?
b)Quais os argumentos usados pelo professor e a estudante para justificarem os seus pontos de vista? São argumentos fortes? Explique.
c)Dê sua opinião: qual a responsabilidade de cada um na colocação de informações nas redes sociais? Cite pontos negativos e positivos desta atitude.
Atividade 3 - filme
Assistir filme Uma boa mentira. Direção: Philippe Falardeau. EUA/Quênia/Índia: Paris Filmes. 2014. (110 min.)
*As atividades escritas devem ficar no caderno. Os textos desta atividade não devem ser copiados, apenas as questões devem ser respondidas.
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