sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

 Professor: Sandro Espinoli                                          ELETIVA - OFICINA DE ESCRITA


Esta aula pretende levar os alunos a desenvolver ainda mais o senso crítico para apreciação consciente de uma obra de arte. Desenvolver habilidades de sustentação e de opinião é algo muito importante  no processo de aprendizagem de gêneros textuais argumentativos, como é o caso da resenha. Nesta aula, os estudantes são levados a relacionar um gênero predominantemente descritivo (a sinopse) e um preeminentemente opinativo (resenha).


O que é tipologia textual? 

  São as diferentes formas que um texto pode apresentar, visando responder a diferentes intenções comunicativas. Os aspectos constitutivos de um texto divergem mediante a finalidade do texto: contar, descrever, argumentar, informar...

Tipologia Narrativa: Narrar uma história Exemplos: Contos, fábulas, romances...

Tipologia dissertativa argumentativa ou expositiva: a finalidade é trazer uma informação com exposição ou opinião sobre determinado assunto. 

Exemplos de dissertativa-argumentativas: artigo de opinião, resenha, manifesto.

Exemplos de dissertativa-expositivos: resumo, jornais, apostilas escolares, sinopse... 

- Resenha Crítica e sinopse 

 Inúmeros tipos de textos se caracterizam por apresentar informações selecionadas e resumidas sobre o conteúdo de outros textos. Outros, além de apresentar essas informações, também apresentam comentários e avaliações. Os primeiros são resumos ou sinopse e os segundos são resenhas. A resenha difere do resumo por conter elementos avaliativos, ou seja, comentários do resenhista sobre a obra resenhada. Como no caso do resumo a resenha é um texto sobre outro texto. Assim, é natural que haja menções ao texto original, o que, no caso da resenha, vem acompanhado de comentários feitos pelo resenhista.

Texto 1

Disponibilizado no YouTube, o curta-metragem de animação da Pixar, “Kitbull”, conta a história de amizade de um gatinho e um pitbull. A intenção é combater o estereótipo de que os cães da raça são violentos e perigosos.

No filme de aproximadamente oito minutos, um gatinho abandonado encontra abrigo em uma caixa de papelão em um quintal onde um pitbull passa o dia todo, muitas vezes acorrentado. No primeiro contato, os dois se estranham.

O pitbull tenta uma aproximação, mas o gatinho se assusta. Numa noite, o tutor do pitbull o espanca e o chuta para fora de casa em um dia chuvoso. O gatinho então percebe que o cão quer apenas companhia e, assim como ele, revela grande carência e desejo de ter um amigo.

No dia seguinte, quando eles ouvem a porta se abrindo, o medo é tão grande que o gatinho se prepara para partir, mas não sem antes mostrar ao pitbull que eles devem ir embora juntos. Para saber o que acontece a partir daí, é só assistir ao curta Kitbull – uma lição sobre a inocência, carência e docilidade animal.

  Com a leitura desse texto, é possível vislumbrar um panorama geral sobre a história que o filme se propõe a contar. Por meio dele, conhecemos os personagens principais e os acontecimentos mais marcantes do enredo. Note que tudo isso é apresentado sem entregar o famoso "spolier", que acaba estragando a graça de surpreender  com os finais das narrativas. Portanto, trata-se de uma sinopse. O texto apenas apresenta as descrições do filme. Ou seja o autor do texto não coloca sua opinião sobre a produção cinematográfica.

Leia a seguir uma resenha crítica que analisa a mesma produção.

Texto 2.

A boa e velha Pixar não decepciona quando o assunto é tocar o coração do espectador com histórias simples e cativantes. Sua nova iniciativa é uma série de curtas-animados independentes que fazem parte do projeto Pixar SparkShorts, minifilmes produzidos por empregados do estúdio durante seis meses, com orçamentos limitados e lançados no Youtube — e futuramente no Disney+. É deste espaço para experimentações — e possíveis talentos a serem descobertos — que Kitbull surge.

Dirigido por Rosana Sullivan, o curta de 9 minutos traz como protagonistas um gato de rua e um Pitbull recém-adotado. A dinâmica apresentada pelos dois é divertida, por serem “inimigos” naturais, ambos não se dão bem de cara — imediatamente nos remetendo à outra dupla do estúdio, presente desde o princípio, Woody e Buzz –, mas a aproximação dos dois ocorre de forma sutil e bela, com uma identificação mútua que surge de forma brilhantemente inocente, através de uma tampinha de garrafa, brinquedo incomum que acaba compartilhado pelos dois.

Nesse pouquíssimo tempo de duração, Sullivan nos conduz por um misto de sentimentos, trazendo temas como a solidão, o medo e a empatia para as telas utilizando apenas a animação e a trilha sonora. Como muitos curtas do estúdio, Kitbull não tem diálogos e apoia sua história completamente na experiência sensorial da obra. Portanto, não devem ser poupados elogios ao time de animadores, que optou por um traço a mão e um estilo 2D que veste a obra mais do que bem. De fato, apesar da Pixar revolucionar o mercado com seus gráficos 3D — cada vez mais perfeitos, por sinal –, é extremamente satisfatório retornar a uma animação 2D, principalmente uma que não utiliza o gráfico para apelar pela nostalgia do espectador.

A partir da animação, a equipe constrói uma história forte através de pequenos detalhes. O rabo do pitbull que se agita pela curiosidade e animação quando acompanhado, assim como o movimento sutil que o faz logo antes de alguém tentar acariciá-lo são pontos da obra que, embora pequenos, carregam muito significado, pois é possível captar a personalidade e um pouco da história do cão. O mesmo pode-se dizer da rima visual executada com o gato, cuja reação ao chamado de um humano condiz com sua “evolução” durante essa curta jornada. Ao combinar isso com a belíssima trilha sonora orquestrada por Andrew Jimenez, o resultado torna-se ainda mais tocante.

Kitbull, em sua curta duração, traz às telas o que há de melhor nos estúdios da Pixar. Uma história simples, mas cativante. Uma animação primorosa, mesmo utilizando uma técnica cada vez mais rara. Personagens marcantes, mesmo sem diálogo algum. Mais uma pequena obra-prima do estúdio que deve arrebatar o espectador e, possivelmente, arrancar algumas lágrimas dele. Algo que, afinal, também é característica recorrente nas obras do estúdio…

  Ao lermos esse texto, fica claro que a intenção do autor não era simplesmente apresentar ao leitor um resumo da história narrada em Kitbull. Ele desenvolve uma análise detalhada de vários aspectos da obra e da carreira da diretora  e também da trajetória do estúdio que a produziu. O crítico emprega palavras que expõe seu parecer a respeito do curta-metragem, que nesse caso é positivo. Vários elogios são expostos ao longo da resenha, entretanto pode-se notar, com maior clareza, a opinião defendida pelo autor no encerramento da crítica.








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