Devolutiva de:
03 de Agosto de 2020 (segunda
feira)
Iracema
Contexto histórico
Romantismo brasileiro/prosa romântica. Meados do século XIX. Este romance se
encontra entre os chamados sertanistas. Na obra de Alencar, classifica-se como
regionalista. É o tipo de literatura voltada para um meio específico, no caso,
os sertões do Ceará, com sua paisagem, sua gente, seus costumes.
Estilo do autor
José de Alencar se propôs a criar um painel literário no qual iria mostrar o
Brasil no seu todo: o presente e o passado, o sul e o norte, a cidade e a
selva. Seu objetivo era compor uma obra que, no seu conjunto, revelaria as
características mais marcantes do Brasil. Alencar procede a construção de seus
personagens de um ponto de vista absolutamente idealizador, ufanista. São
heróis para quem a honra e a dignidade estão acima da própria vida.
PERSONAGENS
Iracema: cabelos negros e longos, era a virgem dos lábios de mel; Martim Soares
Moreno: guerreiro branco que representa o colonizador europeu, era amigo dos
pitiguaras, habitantes do litoral, adversários dos Tabajaras. Os pitiguaras lhe
deram o nome de Coatiabo; Moacir: filho de Iracema representa no livro o
primeiro brasileiro; Araquém: o feiticeiro da tribo Tabajara e pai de Iracema;
Caubi: irmão de Iracema; Poti: índio Pitiguara, que se considerava irmão de
Martim; Batuirité: avô de Poti; Jacaúna: irmão de Poti; Irapuã: chefe dos
Tabajaras; apaixonado por Iracema; Comentários
"Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas
frondes da carnaúba [.]" Com essas palavras, José de Alencar começa
"Iracema", a que chama "Lenda do Ceará" e que é, na
verdade, um texto de difícil classificação. Trata-se claramente de um romance
se consideramos seu enredo. Por outro lado, é um poema em prosa, se levarmos em
conta o estilo, em que predomina o lirismo amoroso e a exploração do
vocabulário indígena no português falado no Brasil. Certamente um ponto
altíssimo no conjunto da obra de José de Alencar, "Iracema" - apesar
das dificuldades que a linguagem pode apresentar ao leitor de hoje - merece de
fato ser lido, do começo ao fim. O texto é muito breve, com cerca de 80 páginas
nas edições mais recentes. No entanto, seu enredo é repleto de aventuras e
peripécias, bem ao gosto do Romantismo, escola literária da qual Alencar é um
dos maiores expoentes no Brasil. O filho do sofrimento
Ao voltar de uma batalha, Martim encontra Iracema com seu filho - a quem ela
chamou Moacir,
que significa "o filho do sofrimento". A índia está extremamente
debilitada. Só teve forças para entregar o filho ao pai e pedir-lhe que a
enterrasse aos pés de um coqueiro de que ela tanto gostava. O lugar onde
Iracema foi enterrado passou a se chamar Ceará - segundo a tradição, Ceará
significa canto da jandaia, a ave de estimação de Iracema. O simbolismo da
narrativa de Alencar é evidente: do cruzamento das duas raças - o europeu e o
índio - nasce o brasileiro. Nesse sentido, a obra é uma expressão do Indianismo
que caracterizou a primeira fase do Romantismo no Brasil. O país - cuja independência
completava 43 anos à publicação de Iracema (1865) - precisava valorizar suas
raízes e sua história, para afirmar-se como nação livre e soberana.
Resumo da obra
Obra narrada em terceira pessoa, por um narrador-observador, isto é, um
narrador que caracteriza os personagens a partir do que pode observar de seus
sentimentos e comportamento. Durante uma caçada, Martim se perdeu dos
companheiros pitiguaras e se pôs a caminhar sem rumo durante três dias. No
interior das matas pertencentes à tribo dos tabajaras, Iracema se deparou com
Martim. Surpresa e amedrontada, a índia feriu o branco no rosto com uma
flechada. Ele não reagiu. Arrependida, a moça correu até Martim e ofereceu-lhe
hospitalidade, quebrando com ele a flecha da paz. Martim foi recebido na cabana
de Araquém, que ali morava com a filha. Ao cair da noite, Araquém havia deixado
seu hóspede sozinho, para que ele fosse servido pelas mais belas índias da
tribo. O jovem branco estranhou que entre elas não estivesse Iracema, a qual
lhe explicou que não poderia servi-lo porque era quem conhecia o segredo da
bebida oferecida ao pajé e devia prepará-la. Naquela noite, os tabajaras
recepcionavam festivamente seu grande chefe Irapuã, vindo para comandar a luta
contra os inimigos pitiguaras. Aproveitando-se da escuridão, Martim resolveu
ir- se embora. Ao penetrar na mata, surgiu-lhe à frente o vulto de Iracema.
Visivelmente magoada, ela o seguira e lhe perguntou se alguém lhe fizera mal,
para ele fugir assim. Percebendo sua ingratidão, Martim se desculpou. Iracema
pediu-lhe que esperasse, para partir, a volta, no dia seguinte, de Caubi, que o
saberia guiar pela mata. O guerreiro branco voltou com Iracema e dormiu sozinho
na cabana. Na manhã seguinte, incitados por Irapuã, os tabajaras se prepararam
para a guerra contra os pitiguaras, que estavam permitindo a entrada dos
brancos. Martim foi passear com Iracema. Ele estava triste; ela lhe perguntou
se eram saudades da noiva, que deixara para trás. Apesar da negativa de Martim,
a moça o levou para um bosque silencioso e prometeu fazê-lo ver a noiva;
deu-lhe gotas de uma bebida que ela preparou. Após tomá-las, Martim adormeceu e
sonhou com Iracema; inconsciente, ele pronunciou o nome da índia e a abraçou;
ela se deixou abraçar e os dois se beijaram. Quando Iracema ia se afastando,
apareceu Irapuã, que declarou amor à assustada moça e ameaçou matar Martim.
Diante da reação contrária dela, Irapuã se foi, ainda mais apaixonado.
Apaixonada, porém, estava Iracema por Martim e passou a ficar preocupada pela
vida dele. Na manhã seguinte, Martim achou Iracema triste, ao anunciar-lhe que
ele poderia partir logo. Para fazê-la voltar à alegria, ele disse que ficaria e
a amaria. Mas a índia lhe informou que quem se relacionasse com ela morreria,
porque, por ser filha do pajé, guardava o segredo da Jurema. Ambos sofriam com
a idéia da separação. Seguindo Caubi, Martim partiu triste, acompanhado por
Iracema, também triste. Com um beijo, os dois se despediram e o branco
continuou sua caminhada somente com Caubi. Irapuã, à frente de cem guerreiros,
cercou os caminhantes para matar Martim. Caubi se opôs e soltou o grito de
guerra, ouvido na cabana por Araquém e pela filha. Esta correu e assistiu à
cena; Irapuã ameaçava Martim, que se mantinha calmo. A moça quis persuadi-lo a
fugir; ele não aceitou a idéia, resolveu enfrentar Irapuã, apesar de Caubi
provocar o enciumado tabajara para lutar com ele. Quando Irapuã e Caubi iam
começar uma luta corpo a corpo, ouviu-se o som de guerra dos pitiguaras, que
vinham atacar os tabajaras. Chefiados por Irapuã, os índios correram para
enfrentar o inimigo. Só Iracema e Martim não se movimentaram. Como não
encontrasse os pitiguaras – provavelmente escondidos na mata, Irapuã achou que
o grito de guerra fora um estratagema usado por Iracema para afastá-lo de
Martim. Então foi procurá-lo na cabana de Araquém. Protegendo seu hóspede, o
velho pajé ameaçou matar Irapuã se ele levantasse a mão contra Martim. Para
afastar o irado chefe, Araquém provocou o ronco da caverna que os índios
acreditavam ser a voz de Tupã quando discordava do que acontecia. Na verdade,
esse ronco era um efeito acústico que Araquém forjava. Mediante isso, Irapuã se
afastou. No silêncio da noite, ouviu-se na cabana de Araquém o grito semelhante
ao de uma gaivota. Iracema disse ser o sinal de guerra dos pitiguaras; Martim
reconheceu o som que emitia seu amigo Poti. Iracema ficou com medo porque a
fama da bravura de Poti era conhecida e temida: ele estaria vindo para libertar
seu amigo, destruindo os tabajaras? A moça ficou triste, mas garantiu
fidelidade a Martim, mesmo à custa da morte de seus irmãos de raça. O branco
tranqüilizou-a, afirmando que fugiria, para evitar o conflito. A índia foi
encontrar-se com Poti para lhe dizer que Martim iria com ele, escondido, a fim
de evitar um conflito das tribos inimigas. Antes de sair, ela ouviu do pai, em
segredo, a recomendação de que, se os camandados de Irapuã viessem matar
Martim, ela o escondesse no subterrâneo da cabana, vedado por uma grande pedra.
Não era prudente Martim afastar-se às claras porque poderia ser seguido. Nisso,
apareceu Caubi para alertar a irmã e Martim de que os tabajaras tencionavam
matar o branco. Iracema pediu ao irmão que levantasse a pedra para ela e Martim
entrassem no esconderijo e que ele ficasse de guarda. Irapuã chegou à porta da
cabana, acompanhado de seus subordinados, todos bêbados, e discutiu com Caubi.
Nesse instante, reboou o trovão de Tupã. O vingativo chefe não se acalmava.
Reboou mais uma vez o trovão, que os índios entenderam como sendo a ameaça de
Tupã. Cercaram o chefe e o levaram de lá, amedrontados. No interior da caverna,
Iracema e Martim ouviram a voz de Poti, embora sem vê-lo. Ele lhes declarou que
estava vindo sozinho para levar Martim, seu irmãop branco. Por sugestão de
Iracema, ficou combinado que Martim fugiria ao encontro de Poti só na mudança
da lua, ocasião em que os tabajaras estariam em festa e assim ficaria mais
fácil os dois evitarem o encontro com o irado Irapuã. À noite, na cabana,
ausente Araquém, Martim, ao lado de Iracema, não conseguia dormir: desejava-a,
mas ela era proibida. Então, ele lhe pediu que trouxesse vinho para apressar o
sono. Dormiu e sonhou com Iracema, chamando-a; ela acorreu acordada. Ainda
dormindo, sonhou que se abraçavam, sendo que Iracema o abraçou de verdade. Na
manhã seguinte, Martim se afastou da moça, dizendo que só podia tê-la em sonho.
Ela guardou o segredo do abraço real e foi banhar-se no rio. Mal sabia Martim
que Tupã havia acabado de perder sua virgem. No final da tarde, quando a lua
apareceu, os tabajaras se reuniram em torno do pajé, levando-lhe oferendas.
Iracema dirigiu-se à cabana do pai para buscar Martim e conduzi-lo até Poti que
o aguardava escondido a fim de levá-lo, livrando-o de Irapuã. Iracema os
acompanhou até o limite das terras tabajaras. Quando Martim insistiu em que ela
retornasse para a tribo, ela lhe revelou que não poderia fazer isso, porque já
era sua esposa. Surpreso, Martim ficou sabendo que tinha sido realidade o que
sonhara. Ao escurecer, interromperam a caminhada e Martim passou a noite na
rede com Iracema. Ao raiar da manhã, Poti, preocupado, os chamou, alertando que
os tabajaras já estavam na sua perseguição, informação que ele colheu escutando
as entranhas da terra. Envergonhado, Martim pediu que Poti levasse Iracema e o
deixasse só, pois ele merecia morrer. O amigo disse que não o largaria. Iracema
apenas sorriu e continuou com eles. Irapuã e seus comandados chegaram ao local
onde estavam os fugitivos. Acorreram também os pitiguaras, sob a chefia de
Jacaúna. Travou-se o inevitável combate. Jacaúna atacou Irapuã; Caubi, agora
com ódio do raptor de sua irmã, atacou Martim, mas, a pedido de Iracema, o
branco simplesmente se defendeu, pois ela disse que, se Caubi tivesse que
morrer, isso aconteceria pelas mãos dela. Então, Martim deixou Caubi por conta
de Poti, que já havia matado vários tabajaras, e enfrentou Irapuã, afastando
Jacaúna. A espada de Martim espatifou-se no choque com o tacape. Quando Irapuã
avançou contra o banco desarmado, Iracema arrojou-se contra o chefe tabajara e
o impediu de prosseguir a luta. Nesse instante, soou o canto de vitória:
Jacaúna e Poti haviam vencido. Os tabajaras fugiram, levando Irapuã com eles.
Iracema chorou vendo seus irmãos de raça mortos. Poti retornou à sua taba, às
margens do rio, feliz por ter salvo seu irmão branco. Iracema estava triste por
ficar hospedada na trigo inimiga de seu povo. Ciente disso, Martim resolveu
procurar um lugar afastado para morarem. Puseram-se a caminho o casal e Poti,
que fez questão de acompanhá-los. Acharam um local apropriado. Martim pensava
em trazer seus soldados para se aliarem aos pitiguaras contra os tabajaras. Na
nova rotina diária, Poti e Martim caçavam, Iracema colhia frutas, passeava
pelos campos, arrumava a cabana, sempre na expectativa da volta de Martim. Grávida,
ela aguardava a hora do parto e já não sentia mais contrariedade por ter saído
de sua nação. Com festas, Martim foi introduzido na tribo pitiguara adotando o
nome de Coatiabo. Com o passar do tempo, Coatiabo começou a entrar em
depressão. Iracema não o fascinava tanto. Ele vivia mais afastado, tomado pelas
lembranças do passado anterior à vida na selva. Ficava olhando as embarcações
passando a longe no mar, sem dar muita atenção à índia. Certo dia, chegou até à
região dos três um índio que, a mando de Jacaúna, convocou Poti para a guerra:
uns brancos haviam se aliado a Irapuã para combater os pitiguaras. Martim fez
questão de ir com o amigo. Os dois guerreiros partiram sem se despedir de
Iracema. Ao caminharem ainda no território de sua nação, à beira de um lago,
Poti fincou no chão uma flecha de Martim e atravessou nela um goiamum que ele
acabara de abater, sabendo que a índia, ao ver a seta daquele jeito, entenderia
o sinal de que o esposo havia partido. Martim entrelaçou nela uma flor de
maracujá. De fato, quando Iracema foi se banhar no dia seguinte, viu a flecha,
entendeu seu significado e chorou. Voltou triste para a cabana. Todos os dias
ela retornava e tinha confirmação de que Martim estava longe. Seus dias
passaram a ser muito tristes. Numa dessas manhãs, ouviu o som da jandaia que a
acompanhava quando morava entre os seus. Comoveu-se, arrependeu-se de havê-la
deixado para trás e de novo a tornou sua amiga de todas as horas. Os dois
guerreiros retornaram da batalha, vitoriosos. Graças à participação de Martim,
que atuou eficazmente, os pitiguaras venceram, pois, sem a cooperação da raça
branca, haveria o empate das forças indígenas adversárias. De novo em sua
cabana, Martim e Iracema se amaram como no início de seu relacionamento. Aos
poucos, porém, ele voltou a se isolar triste, olhando para os horizontes
infinitos do mar, com saudade de sua gente. Iracema se afastava, também triste.
Martim sabia que, se voltasse para sua terra, ela o acompanharia; então, ele
estaria tirando dela um pedaço de sua vida, que era a convivência com seus
parentes e amigos nas selvas. Martim negava que estivesse com saudade da
namorada branca que deixara em sua terra, mas a tristeza de Iracema crescia
porque ela não acreditava na negativa dele; então, a desconsolada índia
prometia que sairia da sua vida tão logo nascesse o filho. Um dia, apareceu no
mar, ao longe, um navio dos guerreiros brancos que vinham aliar-se aos
tupinambás para lutarem contra os pitiguaras. Poti e Martim armaram uma
estratégia de defesa. Esconderam seus guerreiros e atacaram os inimigos de
surpresa. A vitória foi retumbante. Enquanto Martim estava combatendo, Iracema
teve sozinha o filho, a quem chamou de Moacir, filho da dor. Certa manhã, ao
acordar, ela viu à sua frente o irmão Caubi, que, saudoso, vinha visitá-la,
trazendo paz. Admirou a criança, porém surpreendeu-se com a tristeza da irmã,
que pediu a ele que voltasse para junto de Araquém, velho e sozinho. De tanto
chorar, Iracema perdeu o leite para alimentar o filho. Foi à mata e deu de
mamar a alguns cachorrinhos; eles lhe sugaram o peito e dele arrancaram o leite
copioso para voltar a amamentar. A criança estava se nutrindo, mas a mãe
perdera o apetite e as forças, por causa da tristeza. No caminho de volta,
findo o combate, Martim, ao lado de Poti, vinha apreensivo: como estaria
Iracema? E o filho? Lá estava ela, à porta da cabana, no limite extremo da
debilidade. Ela só teve forças para erguer o filho e apresentá-lo ao pai. Em
seguida, desfaleceu e não mais se levantou da rede. Suas últimas palavras foram
o pedido ao marido de que a enterrasse ao pé do coqueiro de que ela gostava
tanto. O sofrimento de Martim foi enorme, principalmente porque seu grande amor
pela esposa retornara revigorado pela paternidade. O lugar onde se enterrou
Iracema veio a se chamar Ceará. Martim retornou para sua terra, levando o
filho. Quatro anos depois, eles voltaram para o Ceará, onde Martim implantou a
fé cristã. Poti se tornou cristão e continuou fiel amigo de Martim. Os dois
ajudaram o comandante Jerônimo de Albuquerque a vencer os tupinambás e a
expulsar o branco tapuia. De vez em quando, Martim revia o local onde fora tão
feliz e se doía de saudade. A jandaia permanecia cantando no coqueiro, ao pé do
qual Iracema fora enterrada. Mas a ave não repetia mais o nome de Iracema.
"Tudo passa sobre a terra."
Source:
http://www.sagradomarilia.com.br/arqdownloads/iracema.pdf
Atividade com gabarito sobre
Iracema
Texto I – Iracema – José de
Alencar (fragmento)
“Verdes
mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da
carnaúba; Verdes mares que brilhais como liquida esmeralda aos raios do sol
nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenai, verdes
mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro e manso
resvale à flor das águas.”
1. O
trecho apresentado no texto 1 pertence ao início da obra Iracema, de, José de Alencar. Baseado no trecho, assinale a opção
correta:
(a) Iracema é uma lenda criada por Alencar
para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América.
(b) As
personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os
tabajaras e os pitiguaras.
(c) O romance, elaborado com recursos
de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da prosa poética
na ficção romântica brasileira.
(d) O
nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a
obra como um romance histórico.
(e) A
palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e
significa “lábios de mel”.
2. O
trecho inicial do romance Iracema é:
(a)
exemplo do descritivismo ultrarromantico, que idealiza a paisagem rude e
agreste do sertão brasileiro.
(b)
remete o leitor para as paisagens brasileiras, sem que haja interferência do
narrador e de seus pontos de vista.
(c) revela característica
essencialmente românticas como a idealização da paisagem brasileira.
(d)
embora essencialmente descritivo, revela a parcialidade do narrador, de modo a
tornar falsa a apresentação da paisagem brasileira.
(e)
revela um narrador extremamente presente, que caracteriza a paisagem brasileira
somente sob seu ponto de vista.
3. Sobre
a obra Iracema são feitas três
afirmações:
I –
Alencar apresenta o colonizador enaltecido que, pela força, aculturou e dizimou
o índio.
II – O
índio é visto por Alencar como elemento formador do povo brasileiro e da língua
falada entre nós, que se diferencia da forma substancial do português de
Portugal.
III – O
Brasil apresentado no romance é selvagem e primitivo e, por isso, deslumbra o
colonizador que vê nas paisagens exóticas uma forma de sobrepujar-se e de
enriquecer-se, sem ter a efetiva consciência de que é necessário colonizar e
catequizar.
Segundo
as afirmações, a(s) é/são:
(a)
apenas as afirmações I e II
(b)
apenas as afirmações II e III
(c)
apenas as afirmações I e III
(d) apenas a afirmação II
(e)
apenas a afirmação III
4. Em Iracema, José de Alencar mescla em
certas oportunidades, informações factuais (obtidas de fontes documentadas) com
fatos fictícios (criados por sua imaginação). Há um motivo sensato para isso:
(a) O
autor não possui dados concretos o suficiente para escrever um romance
verossímil.
(b)
Sempre há coincidências involuntárias entre uma criação artística e o “mundo
real”.
(c) O intuito de Alencar era
criar uma lenda, um mito plausível sobre a formação do Ceará. Sei projeto teve
de mesclar, desse modo, toques de realidade (para parecer verossímil) com
toques de imaginação (para parecer grandioso).
(d) Por
ser antimonarquista, o autor idealiza a gênese de um Brasil mais próximo de
suas raízes indianistas. Daí a tentativa de dar um “sabor local” á nossa
história.
(e) Na
verdade, essa mescla é um defeito estrutural que prejudicou grande parte dos
romances históricos. São poucos os escritores brasileiros que conseguiram
retratar nossa formação sem o uso desse recurso.
5. Em um
poema escrito em louvor de Iracema, Manuel Bandeira afirma que, ao compor esse
livro, Alencar:
“ (...) escreveu o que é mais
poema
Que romance, e poema menos
Que um mito, melhor que
Vênus.”
(a)
Alencar parte da ficção literária em direção à narrativa mítica, dispensando
referencias a coordenadas e personagens históricas.
(b) o caráter poemático dado ao
texto predomina sobre a narrativa em prosa, sendo, por sua vez, superado pela
constituição de um mito literário.
(c) a
mitologia tupi está para a mitologia clássica, predominante no texto, assim
como a prosa está para a poesia.
(d) ao
fundir romance e poema, Alencar, involuntariamente, produziu uma lenda do
Ceará, superior à mitologia clássica.
(e)
estabelece-se uma hierarquia de gêneros literários, na qual o termo superior,
ou dominante, é a prosa romanesca, e o termo inferior, o mito.