AULA 3
Personificação / Prosopopeia como Figura de Linguagem e Pensamento
Como toda figura de linguagem, a Personificação / Prosopopeia privilegia o aspecto conotativo. Empresta ao texto a subjetividade própria deste estilo. E é considerada figura de pensamento, pelo fato de trabalhar com significados escondidos. Ou seja que estejam implícitos na expressão ou vocábulo.
É desta forma que através dela podemos dar vida a qualquer objeto ou animal. Ou melhor dizendo, ela nos permite “personificar” seres inanimados e irracionais.
Esta figura de linguagem, que também podemos chamar de figura de estilo ou de retórica, nos apresenta um lado bastante interessante da Língua. Ela põe à nossa disposição um recurso estilístico capaz de ampliar as possibilidades de criação. É estratégia que permite que todos os seres tenham voz, atividades, sensações e sintam emoções.
Exemplos de Personificação / Prosopopeia
Observe os exemplos e não deixe de ler as justificativas entre parênteses para entender onde está a Personificação ou Prosopopeia.
- Pelo caminho nos deparamos com uma “nevasca cruel”. – (A nevasca é considerada como portadora de um sentimento – a crueldade.)
- “Ora, chora cavaco, ora chora viola”, Já disse pro samba que eu não vou me embora” (Candeia – no samba “Lá vai Viola”) (Aqui a viola e o cavaco são capazes de chorar.)
- Nada mais pude fazer, a não ser aceitar a “sinistra face da morte”. (A morte ganha uma face e assume a característica de ser sinistra)
- Oh! Que “noite cruel e nefasta”. (Neste caso, é a noite que ganha características de seres vivos.)
- E o “sol encantado” com sua beleza, “sorria”. (O sol se anima nestes versos. Se encanta com a beleza e ganha a capacidade de sorrir)
Personificação ou Prosopopeia na Poesia
A poesia é um gênero literário que muito se utiliza destas figuras de pensamento. Raramente encontramos textos líricos sem a presença da Personificação ou Prosopopeia. Talvez seja por isto, que tanto nos fascinam os versos de poetas como
Carlos Drummond de Andrade:
“As casas espiam os homens
Que correm atrás das mulheres.”
Observe que o eu lírico atribui uma ação própria dos seres humanos – espiar - a seres inanimados, “as casas”, personificando-as.
Personificação / Prosopopeia na Música
- Cazuza também usa Prosopopeia na música Exagerado. Onde acusa a “paixão” de ser “cruel” e “desenfreada”. Observe o trecho:
“Paixão cruel, desenfreada”
…mil rosas roubadas.
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EUFENISMO
O eufemismo é uma
figura de linguagem que caracteriza-se pela substituição de palavras ou expressões com o objetivo de suavizar a mensagem, torná-la menos chocante. Termos rudes são trocados por palavras mais brandas, permitindo falar de coisas desagradáveis de uma forma melhor, embora o sentido essencial permaneça inalterado.
O eufemismo é bastante empregado quando se fala sobre morte, por exemplo. As dezenas de expressões que usamos para nos referirmos ao fenômeno da morte revelam o quanto o assunto é incômodo.
Por se tratar de uma substituição de termos, o eufemismo também pode ser admitido como um tipo de perífrase.
Exemplos de eufemismo:
A testemunha faltou com a verdade.
- A expressão “faltou com a verdade” está aí substituindo o verbo “mentiu”.
Era uma moça de inteligência bastante limitada.
- O uso da expressão “inteligência bastante limitada” permite dizer de uma forma mais amena que tratava-se uma moça “burra”.
O jovem rapaz partiu desta para melhor.
- Para evitar dizer que a pessoa morreu, foi usada a expressão “partiu desta para melhor”. Entre os muitos outros eufemismos para a morte, estão os termos “falecer”, “partir” e “descansar”.
ATENÇÃO: Certas expressões usadas para substituir as palavras “morte” e “morrer” possuem um forte caráter cômico, e por isso deixam de ser consideradas eufemismo. Como exemplos podemos citar as expressões “esticar as canelas”, “ir para a terra dos pés juntos”, “comer capim pela raiz”, entre outras.
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ANÁFORA
A
anáfora consiste na repetição de uma ou mais palavras no início de orações, períodos ou versos sucessivos. É um recurso bastante utilizado em poemas e letras de músicas. Essa
figura de linguagem também se dá pela utilização de
pronomes demonstrativos e pronomes relativos que substituem palavras ditas em orações anteriores.
Exemplos de anáfora:
Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei
(À Primeira Vista – Chico César)
- Na letra dessa música, todos os versos começam com a palavra “quando”, repetida de propósito.
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
(E agora, José? – Carlos Drummond de Andrade)
- No poema de Drummond, temos versos sucessivos iniciados com a conjunção condicional “se”.
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GRATIDÃO
PROF. TALI
REFERENCIAS
www.figuradelinguagem.com/prosopopeia-personificacao/
Os trechos poéticos dos poemas e músicas utilizadas como exemplo foram retiradas dos sites: http://pensador.uol.com.br/ e https://www.vagalume.com.br