Prof. Sandro R. Espinoli
Matéria: ELETIVA - OFICINA DE ESCRITA
Caros alunos e alunas,
Nesta aula e na próxima, trataremos dos mecanismos coesivos. A ideia é explorar tanto os recursos responsáveis por estabelecer a ligação entre as partes da redação quanto os que têm a função de evitar a repetição de termos ao longo do texto. Hoje, vamos estudar a coesão referencial.
O que é coesão?
Coesão é a estratégia de conexão das partes do texto. Seria a porção microscópia da nossa redação. Garantir que as palavras estejam bem conectadas em uma progressão de compreensão simples é garantir a coesão. O corretor não espera um texto cortado por frases soltas, sem conjunção ou um elemento de retomada. Ele espera que você saiba empregar os termos disponíveis na língua a fim de garantir a amarração do parágrafo, estruturalmente falando.
Como faz a coesão?
A resposta é simples: basicamente, empregando pronomes, conjunções, sinônimos e outros elementos textuais de retomada. Lembre-se de que - em um texto dissertativo para a prova do Enem ou concurso – não é conveniente deixar as frase soltas, deixando que o corretor tenha capacidade de conectá-las.
Coesão referencial (ou remissiva)
É aquela que se estabelece quando um determinado termo faz referência a outra já citado (anáfora) ou ainda a ser citado (catáfora) no texto. Essa modalidade de coesão se realiza por meio de dois mecanismos básicos, que veremos a seguir.
Coesão por substituição gramatical
Ocorre quando, gramaticalmente, se retoma ou se anuncia outro elemento do texto. Para a efetivação dessas remissões, são empregados, em geral, pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos.
Exemplos:
-
O mundo moderno é profundamente marcado pela dualidade. Ele é, simultaneamente, cada vez mais simples e, por isso, cada vez mais complexo.
O pronome “
ele” em destaque, substitui “
o mundo moderno”, citado antes. (coesão por pronome)
- O grande problema é este: a infantilização do adulto moderno.
Repare que o pronome “
este” anuncia a ideia do adulto moderno
- A casa era por aqui... Onde? Procuro
a e não acho. (Manuel Bandeira)
Dessa forma, uma substituição gramatical – que foi retomada por um
pronome.
- Segundo o antropólogo inglês R Dubar, tanto os chimpanzés quanto os homens usam o conhecimento da vida alheia como fator de coesão social. Aqueles através da prática de catar piolho; estes pela troca de segredos, isto é fofocas. (Folha de S. Paulo, 22/03/93)
Coesão por reiteração (referencial)
Ocorre quando, lexicalmente, se retoma ou se anuncia outro elemento do texto. Pode-se estabelecer por exemplo, por meio de
sinônimos, hipônimos, hiperônimos e expressões nominais.
Coesão por hipônimo e hiperônimo
Hipônimos – especifico Cardiologist
a
Hiperônimo – Genérico Médico
Texto 1
Peixe-boi: história e lenda
É provável que o peixe boy tenha tido sua origem há mais ou menos 45 milhões de anos. Desde os primeiros contatos com o homem, este mamífero de águas doces e salgadas despertou muito o interesse. O tamanho impressionava e levava os pescadores a temerem o animal.
Sempre a coesão por hipônimo e hiperônimo começa do especifico para o genérico
O termo peixe-boi é um hipônimo, retomado pelos hiperônimos mamífero e animal. Como há três termos na relação, o termo médio mamífero é hiperônimo em relação a peixe boi, mas hipônimo em relação a animal. O comum é que a retomada de um termo se dê pelo hiperônimo e não pelo hipônimo. Como o termo mais especifico já foi introduzido, retomá-lo pelo termo mais genérico não prejudica a legibilidade.
Veja o exemplo:
Texto 2
É provável que o
animal tenha tido sua origem há mais ou menos 45 milhões de anos. Desde os primeiros contatos com o homem, este
mamífero de águas doces e salgadas despertou muito o interesse. O tamanho impressionava e levava os pescadores a temerem
o peixe-boi.
Exercício
1 Leia o texto abaixo e identifique os termos de coesão no texto e classifique que tipo de coesão se deu.
Graças a Deus eu não experimentei a força e eficiência do air bag, pois nunca fui vítima de um acidente. Mas sou totalmente a favor do equipamento. Jamais soube de casos em que pessoas que dirigiam um carro com esse dispositivo tiveram um ferimento grave. (...) Na compra de um automóvel, o brasileiro deve levar em conta os diversos parâmetros de segurança, e não somente a disponibilidade do air bag. Este último item, sozinho, não pode ser considerado o “salvador da pátria.”
(Istoé, 1996)