segunda-feira, 31 de agosto de 2020

1°F PORT. LITERATURA DE INFORMAÇÃO , QUINHENTISMO

Quinhentismo 
Literatura de informação

Quinhentismo, no Brasil e em Portugal, designa uma importante fase da história da literatura desses países, apesar de ter se expressado de modo diferente em um e outro. No Brasil, designa o conjunto de textos e autores do período colonial, compreendendo os três primeiros séculos desde a conquista portuguesa. Dividido em duas vertentes, uma caracterizada pela ocorrência de textos de informação e outra pela ocorrência de textos de caráter catequizador, esse período inicial de germinação das letras no nascente território brasileiro é de fundamental importância para se conhecer a história do país e sua tradição literária.

Contexto histórico do Quinhentismo

Nos primeiros três séculos do Brasil, a vida social e, consequentemente, a esfera econômica e cultural desenvolveram-se em torno da relação entre a colônia e a metrópole. Essa relação deu-se de modo que a colônia fosse extremamente explorada pela metrópole, o que fez com que a preocupação imediata dos primeiros colonos, ou seja, habitantes do território, fosse ocupar a terra, explorar o pau-brasil, cultivar a cana-de-açúcar, extrair o ouro.



Desenho do centro histórico de Salvador, Bahia, durante o período colonial.
Desenho do centro histórico de Salvador, Bahia, durante o período colonial.
Essa postura exploratória foi determinante para que houvesse no território núcleos urbanos surgidos a partir dos ciclos de exploração dessas matérias-primas destinadas à metrópole europeia. (Fase em que nossa terra foi explorada, e saqueada pelos portugueses)

Assim, formaram-se, no Brasil, ilhas sociais, mais precisamente as seguintes: Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Características do Quinhentismo
As manifestações da literatura quinhentista podem ser divididas em dois grupos, os quais, apesar de traços comuns, têm características que os distinguem: a literatura de informação e a literatura de formação ou de catequese. Vejam suas respectivas características:

→ Literatura de informação





Desembarque de Cabral em Porto Seguro retratado por Oscar Pereira da Silva, 1904.
Desembarque de Cabral em Porto Seguro retratado por Oscar Pereira da Silva, 1904.
Os primeiros registros escritos do Brasil têm como característica a documentação do processo colonizador que marcou os primeiros anos de povoamento. São informações que viajantes e missionários europeus anotaram sobre o homem e a natureza das terras que conheciam naquele contexto. Esses registros descritivos não pertencem à categoria literária, já que não havia uma preocupação estética em organizá-las em prol de um deleite advindo de uma leitura de fruição, ou seja, voltada ao prazer, como os gerados por uma obra ficcional.
Assim, a embrionária produção intelectual do Brasil Colônia, materializada nos relatos dos viajantes e dos missionários católicos, tem valor não só histórico de registro de uma época, como também serviu de material temático inspirador à produção literária posterior, que teve como princípio a construção de uma literatura verdadeiramente do Brasil, estabelecendo-se como contraponto à produzida em Portugal.
  • Principais obras e autores de textos de informação
As principais produções do Brasil Colônia, escritas nos séculos XVI e XVII, categorizadas como informativas são:
  • a Carta, de Pero Vaz de Caminha a el-Rei Dom Manuel, referindo o descobrimento de uma nova terra e as primeiras impressões da natureza e do indígena (1500);
  • Diário de Navegação de Pero Lopes e Sousa, escrivão do primeiro grupo colonizador, o de Martim Afonso de Sousa (1530);
  • Tratado da terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo (1576);
  • Narrativa Epistolar e os Tratados da Terra e da Gente do Brasil, do jesuíta Fernão Cardim (1583);
  • Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa (1587);
  • os Diálogos das grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão (1618);
  • as cartas dos missionários jesuítas escritas nos dois primeiros séculos de catequese (registradas posteriormente em antologias, como em As Cartas Jesuíticasde 1933);
  • as Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden (1557);
  • Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry (1578);
  • História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador (1627).

Literatura de formação ou de catequese

Paralelamente às obras de informação escritas por leigos viajantes que desbravavam a colônia, foram produzidas, também, obras de cunho pedagógico e moral, a chamada literatura de formação ou de catequese, produzida pelos missionários jesuítas. Vindos de Portugal, esses religiosos, que tinham a missão de catequizar os índios, deixaram cartas, tratados, crônicas e poemas, os quais se tornaram registros não só de uma prática religiosa de difusão do catolicismo, mas também registros de textos com um certo refinamento estético.

A Primeira Missa no Brasil retratada por Victor Meirelles, 1861.

A Primeira Missa no Brasil retratada por Victor Meirelles, 1861.
  • Principais obras e autores de textos de formação ou de catequese

Os autores mais significativos dessa vertente são os padres Manuel da Nóbrega, Fernão Cardim e José de Anchieta.
  • Manuel da Nóbrega (1517-1570)

Nasceu em Alijó, Portugal, e morreu no Rio de Janeiro. Chegou à Bahia em 29 de março de 1549 e participou da primeira missa celebrada nessa localidade. Foi um dos fundadores das cidades de Salvador e do Rio de Janeiro.
Nas cartas que escreveu a Portugal, encontra-se a descrição do início do povoamento das terras brasileiras. Além disso, como catequizador, seus escritos contribuíram para o estudo dos costumes da sociedade indígena tupinambá. Em sua primeira carta do Brasil, ao padre Simão Rodrigues, provincial em Portugal, expressa uma postura típica dos jesuítas a respeito da conversão do indígena e a tentativa de eliminar de sua cultura certos hábitos, como o canibalismo e a poligamia.

 A Narrativa epistolar de uma viagem e missão jesuítica, foi publicado em 1847, em Lisboa, por Francisco Adolfo de Varnhagen. Há, nessas obras, o predomínio de uma descrição entusiasmada da fauna e da flora do país, segundo ele:
“Este Brasil já é outro Portugal, e não falando no clima que é muito mais temperado e saio, sem calmas grandes, nem frios, e donde os homens vivem muito com poucas doenças”.4

  • José de Anchieta (1534-1597)

Nasceu nas Ilhas Canárias, Espanha, e faleceu na cidade de Reritiba, atual cidade de Anchieta, no estado do Espírito Santo. No Brasil, participou da fundação da cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Notabilizou-se, no período colonial, como poeta e dramaturgo, mas também publicou crônicas históricas e uma gramática da língua tupi, a Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil (1595). Na dramaturgia, publicou autos inspirados nos autos de Gil Vicente, como o auto Na festa de São Lourenço, encenado pela primeira vez em 1583. 
Apesar de o teor religioso, destinado à edificação do índio e do branco, permear sua obra poética, assim como permeou suas outras obras, nota-se em seus poemas um cuidado estético mais acentuado. Observe este fragmento do poema “Do Santíssimo Sacramento”:
Ó que pão, ó que comida,
ó que divino manjar
se nos dá no santo altar
                   cada dia!
[...]
Este dá vida imortal,
este mata toda fome,
porque nele Deus e homem
                  se contêm.
A presença dos símbolos religiosos, comuns nos textos de catequese do Quinhentismo, evidencia-se em todas as estrofes. O pão, elemento eucarístico, representa o corpo de Cristo e, como no texto bíblico, no poema, é alçado a símbolo capaz de suprir as imperfeições humanas.
Enquanto acontecia esse momento de transição no Brasil em Portugal acontecia o Quinhentismo ou Classicismo em Portugal, lembrando que precisamos levar em conta sempre o que acontece na Europa, devido as tendências literárias sempre virem de lá.
Quinhentismo ou Classicismo é como se nomeia o conjunto de obras literárias produzidas durante o Renascimento, movimento artístico, literário e científico inspirado na cultura greco-latina que vigorou na Europa no século XVI, marcado por profundas transformações sociais, econômicas, culturais e religiosas, o Classicismo promoveu a substituição da fé medieval pelo culto à racionalidade, o cristianismo pela mitologia greco-latina e, sobretudo, elevou o homem à centralidade de tudo (antropocentrismo).

GUIMARãES, Leandro. "Quinhentismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/quinhentismo-brasileiro.htm. Acesso em 31 de agosto de 2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário