Sociologia: 3° Bimestre
Orientações:
1.
Efetuar a leitura do texto “Maio de 1968”;
2.
Executar as atividades conforme orientação do professor;
4.
Data de entrega: 21/08/2020
Maio de 1968 (Ano que não acabou)
O mês de maio de 1968 ficou internacionalmente
conhecido por ter sido um período de efervescência social que se iniciou a
partir de protestos estudantis em Paris. Esses protestos alastraram-se pelo
país e chegaram a abalar a ordem da Quinta República Francesa (iniciada em
1958). O movimento de maio de 1968 também ficou internacionalmente conhecido
por ter motivado a continuidade de movimentos revolucionários em outras partes
do mundo.
Antecedentes
As manifestações e
agitações sociais da França em maio de 1968 estão inseridas dentro de um
contexto global extremamente tenso. Ideais revolucionários atuavam em diversas
partes do mundo. Um primeiro destaque pode ser feito para a Guerra
do Vietnã, travada
entre EUA e os norte-vietnamitas de 1959 a 1975. A Guerra do Vietnã, em 1968,
encontrava-se exatamente em sua fase mais violenta, iniciada com a Ofensiva
do Tet. Essa
ofensiva foi organizada pelos exércitos norte-vietnamitas com o objetivo de
forçar a retirada das tropas americanas. Apesar de ter sido um fracasso
militar, foi a responsável por criar uma imagem extremamente negativa do
governo dos EUA.
As imagens dos
combates e das violências cometidas pelas tropas americanas espalharam-se pelo
mundo e motivavam protestos tanto nos EUA quanto na Europa. Além disso, em
abril de 1968, Martin
Luther King foi
assassinado. Sua morte provocou inúmeras revoltas nos EUA e, claro, também se
refletiu nos grupos estudantis da França.
Outro evento
importante que estava em curso desde o início de 1968 e que repercutia nos
meios estudantis franceses eram os acontecimentos da Primavera
de Praga. Na
extinta Checoslováquia acontecia uma tentativa do governo de realizar reformas
no país no sentido de romper com o autoritarismo imposto pelos soviéticos. Os
acontecimentos em Praga eram acompanhados de grande mobilização estudantil.
Por fim, vale o
destaque para a luta armada revolucionária que estava em curso nos países
sul-americanos contra
as ditaduras militares instaladas em diversos países, além da luta
revolucionária que era travada no continente africano, que estava em seu
processo de descolonização. Esses movimentos revolucionários
repercutiam bastante nos movimentos estudantis franceses, que eram muito
influenciados pelo marxismo trotskista e maoísta.
Todo esse contexto colocava os grupos
estudantis franceses em um grande estado de efervescência, que acabou tendo o
seu gatilho acionado com reformas propostas pelo governo francês para o sistema
educacional do país.
Eventos de maio de 1968
O maio de 1968 iniciou-se a partir das
mobilizações realizadas por estudantes franceses na Universidade Paris, em
Nanterre (região metropolitana de Paris). O fortalecimento do movimento
estudantil na França (e no mundo) está diretamente relacionado com o aumento no
ingresso de jovens na Universidade. Esse fenômeno tem relação com o
desenvolvimento da Europa Ocidental no pós-guerra.
A sociedade francesa vivia um período de
aparente calma após o fim da guerra travada na Argélia, mas, ainda assim,
existiam tensões evidentes que repercutiam na sociedade. Entre os estudantes
existia uma insatisfação com as incertezas de sua vida profissional e pelas
características do ensino francês, enxergado como antiquado. Entre os
trabalhadores, existia insatisfação por causa do aumento do desemprego no país.
Nas universidades
francesas, os estudantes organizavam-se em grupos, que eram consideravelmente
influenciados pelo marxismo de orientação trotskista e maoísta (o stalinismo
sofria fortes críticas nesse momento). No caso de Nanterre – onde tudo se
iniciou – a agitação já acontecia bem antes de maio. Em março de 1968, Michel
Thiollent destacou que já havia manifestações em curso.
Em uma visão mais ampla, as manifestações
estudantis na França aconteciam esporadicamente desde 1966. Michel Thiollent
resume as razões da insatisfação estudantil no período:
De modo
geral, entre os principais temas de contestação universitária, destacam-se: a
recusa do caráter classista da universidade; a denúncia da falsa neutralidade e
da falsa objetividade do saber; a denúncia da parcelização e tecnocratização do
saber; a contestação dos cursos ex
cathedra; a denúncia dos professores conservadores ligados à
política do governo; o questionamento do lugar que, na divisão capitalista do
trabalho, os diplomados irão ocupar; a denúncia da escassez de possibilidade de
empregos qualificados [...]
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O início das
manifestações ocorreu em 2 de maio de 1968, quando os
estudantes iniciaram um protesto contra a decisão de realizar a separação dos
alojamentos de homens e mulheres em Nanterre (atualmente uma das treze unidades
da Universidade de Paris). Os estudantes envolvidos nos protestos foram
ameaçados de expulsão pela administração da universidade e, no dia seguinte,
novos protestos aconteceram.
A manifestação
organizada pelos estudantes no dia 3 de maio de 1968 foi duramente reprimida. A
administração da universidade autorizou que a polícia interviesse na situação,
e o confronto foi violento. Os relatos afirmam que os policiais incendiavam
carros como estratégia de criar uma imagem negativa do movimento, e os
estudantes respondiam aos ataques lançando paralelepípedos.
Após isso, os
protestos espalharam-se por outras universidades francesas e chegou a locais
importantes, como Sorbonne (unidade mais importante da Universidade de Paris).
Os protestos tornaram-se cada vez mais violentos e espalharam-se pelas ruas de
Paris. Barricadas começaram a ser construídas nas ruas e
o número de presos e feridos – fruto da repressão policial – aumentou bastante.
O movimento que se
iniciou exclusivamente estudantil alastrou-se para as classes trabalhadoras,
que passaram a exigir melhorias nas suas condições de trabalho. Os
trabalhadores convocados pelos sindicatos começaram a invadir os seus
locais de trabalho e iniciaram uma greve. A mobilização dos
trabalhadores na França foi tão grande que os historiadores falam que cerca
de dez
milhões de trabalhadores aderiram à greve.
Os protestos organizados pelos estudantes
também ficaram marcados por frases de ordem que eram pichadas nas paredes das
universidades. Frases como “Proibido proibir”, “Deus está morto, Marx está
morto e eu mesmo não ando me sentindo muito bem” e “Sejam realistas, peçam o
impossível” tornaram-se mundialmente conhecidas.
A mobilização estudantil e dos
trabalhadores na França em maio de 1968 resultaram em melhorias nas condições
de trabalho. No final de maio, foi decretado pelo governo francês um aumento de
35% do salário-mínimo e, com isso, a agitação dos trabalhadores foi perdendo
sua força, as greves foram sendo abandonadas e a normalidade foi retomada com
os trabalhadores ocupando novamente seus postos de trabalho.
As manifestações também exigiam a
renúncia do presidente Charles De Gaulle. Apesar da sua grandeza, as
manifestações de maio de 1968 não conseguiram mobilizar força política suficiente
para derrubar o partido do presidente, que saiu vitorioso em eleição realizada
em junho de 1968 com mais de 40% dos votos (Charles De Gaulle, no entanto,
renunciou em 1969). A respeito desse fracasso de maio de 1968 em motivar
mudanças políticas, Eric Hobsbawm afirma:
O motivo pelo qual 1968 (com seu prolongamento
em 1969 e 1970) não foi a revolução, e jamais pareceu que seria ou poderia ser,
era que apenas os estudantes, por mais numerosos e mobilizáveis que fossem, não
podiam fazê-la sozinhos. A efetividade política deles estava em sua capacidade
de agir como sinais e detonadores para grupos maiores, mas que se inflamavam
com menos facilidade. A partir da década de 1960, tiveram alguns êxitos nessa
atuação. Provocaram enormes ondas de greves operárias na França e Itália em
1968, mas, após vinte anos de melhoria sem paralelos para os assalariados em
economias de pleno emprego, revolução era a última coisa em que as massas
proletárias pensavam.
Sorbonne,
uma das unidades da Universidade de Paris, foi palco de grandes protestos de
estudantes em maio de 1968*
Fonte: SILVA, Daniel Neves. "Maio de 1968"; Brasil Escola.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/maio-1968.htm. Acesso
em 14 de agosto de 2020.
ATIVIDADE
1)
O QUE FOI O “MAIO DE 1968”?
2)
QUAIS OS FATORES QUE LEVARAM
AO MAIO DE 68?
3)
QUAL A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS
ESTUDANTIS NESSE MOVIMENTO?
4)
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DESTA
MANIFESTAÇÃO NA FRANÇA?
5) QUAL A IMPORTÂNCIA DO MAIO DE 68 PARA A
HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS DE CONTESTAÇÃO?
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