Realismo
em Portugal
Movimento
foi iniciado com a Questão Coimbrã
O
Realismo em Portugal foi um movimento artístico e cultural desenvolvido
nos anos de 1960. A corrente criticava o Romantismo e a estrutura social que
estava em vigor desde então. A tendência artística portuguesa desejava a
renovação dos valores e tentava contribuir para que o país alcançasse os ideais
do mundo moderno.
O
Realismo em Portugal teve início a partir da Questão Coimbrã – confronto
das ideias do Realismo e Romantismo.
Os principais representantes do movimento foram Antero de Quental e Eça de
Queiroz.
Entenda
agora o contexto histórico que possibilitou o nascimento do Realismo em
Portugal, o que foi a Questão Coimbrã e as características da corrente neste
país.
Contexto Histórico
O
Realismo
foi uma corrente artística iniciada na França do século XIX. Surgiu como um
contraponto ao Romantismo e a centralização do indivíduo. Tinha uma visão mais
materialista, objetiva e centrada na crítica social. As artes do
movimento tentavam se livrar do academicismo e desejavam se inspirar no
cotidiano das pessoas.
A
Independência
do Brasil deixou consequências econômicas em Portugal e os portugueses
entraram em decadência financeira. Para minimizar os impactos econômicos,
Portugal começa a investir na industrialização. Assim como no restante da Europa,
esse processo de desenvolvimento contribui para aflorar as ideais socialistas,
o questionamento sobre a ordem econômica e a crítica a estrutura burguesa
capitalista. O desenvolvimento e urbanização de Portugal surgem, então,
atrasados.
Nesse
contexto nasce o Realismo em Portugal. Os participantes do movimento se reuniam
em locais públicos para atacar o atraso na estrutura portuguesa,
promover o diálogo entre as ideias filosóficas da época e a realidade
portuguesa, além de tentar encaminhar o país para a modernidade.
Questão Coimbrã
O
Realismo em Portugal surgiu nos anos de 1860, durante um embate intelectual
denominado de Questão Coimbrã. Na época, os jovens estudantes da cidade
de Coimbra se inspiravam nos ideais do antirromantismo vindas da Europa
e se reuniam para debater as questões sociais do momento.
Em
1865, dois dos escritores envolvidos na Questão Coimbrã publicaram obras que
despertaram a crítica dos defensores dos ideais românticos. As obras de Antero
de Quental (Odes Modernas) e Teófilo Braga (Tempestades Sonoras)
romperam com as ideias acadêmicas da época e desenvolveram um tom mais
revolucionário para a literatura
portuguesa.
Antônio
Feliciano de Castilho,
representante do Romantismo
em Portugal, escreveu o prefácio do livro “Poema da Mocidade”, de Pinheiro
Chagas, e nele teceu duras críticas aos jovens escritores. Castilho argumentou
que os jovens dos anos 70 estavam destruindo a beleza da literatura com a falta
de bom senso e bom gosto.
Em
resposta, Antero de Quantal publicou uma carta aberta direcionada a Castilho e
a nomeiou de “Bom Senso e Bom Gosto”. Parte da carta dizia:
Como
não pretendo logar algum, mesmo infimo, na brilhante phalange das reputações
contemporaneas, é por isso que, estando de fóra, posso como ninguém avaliar a
figura, a destreza e o garbo ainda dos mais luzidos chefes do glorioso
esquadrão. Posso também fallar livremente. E não é esta uma pequena
superioridade neste tempo de conveniencias, de precauções, de reticencias—ou,
digamos a cousa pelo seu nome, de hypocrisia e falsidade. Livre das vaidades,
das ambições, das misérias d'uma posição, que não retendo, posso fallar nas
miserias, nas ambições, nas vaidades d'esse mundo tão extranho para mim,
atravessando por meio d'ellas e sahindo puro, limpo e innocente.
Esse
embate, que originou o Realismo em Portugal, foi até 1871. Neste mesmo ano,
foram promovidas as Conferências de Casino. O evento aconteceu em uma
sala alugada de Lisboa e propunha revolucionar a sociedade portuguesa e fazer
Portugal chegar ao nível de pensamento dos outros países da Europa. Neste
momento, surge a figura de Eça de Queiroz.
Características do
Realismo em Portugal
Muitas
das características do Realismo dos outros países também aparecem no movimento
que surgiu em Portugal. Uma das particularidades, por exemplo, foi a proposta
de realizar uma investigação objetiva da realidade para entender a
relações sociais nos países.
Os
poetas e artistas passaram a chamar a atenção para as contradições sociais e
para as pessoas que usavam as máscaras da hipocrisia para ditar regras sociais.
A arte nesse contexto tornou-se engajada com os problemas de Portugal e teve a
função de realizar denunciadoras sociais.
Outras
características do realismo em Portugal são:
•
Ênfase nas ideias socialistas e de revolução;
•
Objetivismo e cientificismo;
•
Preocupação com a realidade imediata de Portugal;
•
Foco na vida cotidiana e destaque para as pessoas comuns;
•
Ataque aos falsos valores;
•
Rejeição ao clérigo e a monarquia;
•
Negação da idealização;
•
Opiniões objetivas.
Principais autores
O
Realismo foi considerado pelos estudiosos como um dos períodos mais férteis da
literatura portuguesa. Ele contribuiu para o crescimento de vários autores e
obras da época. Conheça agora os dois maiores representantes do movimento em
Portugal.
Antero de
Quental
Antero de
Quental (1842 - 1891) foi um dos autores envolvidos na Questão Coimbrã e que
enviou a carta de resposta Antônio de Castilho. Antero era escritor, poeta
dedicado à poesia, filosofia e política. Foi um dos fundadores da Sociedade
do Raio, grupo que reunia autores interessados em renovar a literatura e o
país a partir da crítica social. Seus primeiros sonetos foram publicados em
1861, mas foi o livro “Odes Modernas” o responsável por abalar as estruturas do
romantismo português e gerar críticas de outros escritores.
Entre as
obras do período realista estão:
• Odes
Modernas (1865);
• Bom
Senso e Bom Gosto (cartas de 1865);
• A
Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais (1865);
• Defesa
da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX (1865);
• Causas
da decadência dos povos peninsulares (1871).
Eça de
Queirós
José
Maria de Eça de Queiroz (1845 - 1900) foi um diplomata e escritor representante
do realismo em Portugal. Apesar de não ter participado da Questão Coimbrã, foi
um grande defensor do realismo e atacou duramente a literatura romântica
portuguesa. Eça pretendia fazer uma literatura crítica e que permitisse a
tomada de consciência da sociedade.
Algumas
das suas principais obras foram:
• O
Mistério da Estrada de Sintra (1870)
• O Crime
do Padre Amaro (1875)
• A
Tragédia da Rua das Flores (1877-78)
• O Primo
Basílio (1878)
• O
Mandarim (1880)
• A
Relíquia (1887)
• Os
Maias (1888)
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