quinta-feira, 17 de setembro de 2020

2ºA (Clayton - Português)

 

Realismo em Portugal

Movimento foi iniciado com a Questão Coimbrã

 

O Realismo em Portugal foi um movimento artístico e cultural desenvolvido nos anos de 1960. A corrente criticava o Romantismo e a estrutura social que estava em vigor desde então. A tendência artística portuguesa desejava a renovação dos valores e tentava contribuir para que o país alcançasse os ideais do mundo moderno

 

O Realismo em Portugal teve início a partir da Questão Coimbrã – confronto das ideias do Realismo e Romantismo. Os principais representantes do movimento foram Antero de Quental e Eça de Queiroz. 

 

Entenda agora o contexto histórico que possibilitou o nascimento do Realismo em Portugal, o que foi a Questão Coimbrã e as características da corrente neste país. 

 

Contexto Histórico

 

O Realismo foi uma corrente artística iniciada na França do século XIX. Surgiu como um contraponto ao Romantismo e a centralização do indivíduo. Tinha uma visão mais materialista, objetiva e centrada na crítica social. As artes do movimento tentavam se livrar do academicismo e desejavam se inspirar no cotidiano das pessoas. 

 

A Independência do Brasil deixou consequências econômicas em Portugal e os portugueses entraram em decadência financeira. Para minimizar os impactos econômicos, Portugal começa a investir na industrialização. Assim como no restante da Europa, esse processo de desenvolvimento contribui para aflorar as ideais socialistas, o questionamento sobre a ordem econômica e a crítica a estrutura burguesa capitalista. O desenvolvimento e urbanização de Portugal surgem, então, atrasados. 

 

Nesse contexto nasce o Realismo em Portugal. Os participantes do movimento se reuniam em locais públicos para atacar o atraso na estrutura portuguesa, promover o diálogo entre as ideias filosóficas da época e a realidade portuguesa, além de tentar encaminhar o país para a modernidade

Questão Coimbrã

 

O Realismo em Portugal surgiu nos anos de 1860, durante um embate intelectual denominado de Questão Coimbrã. Na época, os jovens estudantes da cidade de Coimbra se inspiravam nos ideais do antirromantismo vindas da Europa e se reuniam para debater as questões sociais do momento. 

 

Em 1865, dois dos escritores envolvidos na Questão Coimbrã publicaram obras que despertaram a crítica dos defensores dos ideais românticos. As obras de Antero de Quental (Odes Modernas) e Teófilo Braga (Tempestades Sonoras) romperam com as ideias acadêmicas da época e desenvolveram um tom mais revolucionário para a literatura portuguesa.     

 

Antônio Feliciano de Castilho, representante do Romantismo em Portugal, escreveu o prefácio do livro “Poema da Mocidade”, de Pinheiro Chagas, e nele teceu duras críticas aos jovens escritores. Castilho argumentou que os jovens dos anos 70 estavam destruindo a beleza da literatura com a falta de bom senso e bom gosto. 

 

Em resposta, Antero de Quantal publicou uma carta aberta direcionada a Castilho e a nomeiou de “Bom Senso e Bom Gosto”. Parte da carta dizia:

 

Como não pretendo logar algum, mesmo infimo, na brilhante phalange das reputações contemporaneas, é por isso que, estando de fóra, posso como ninguém avaliar a figura, a destreza e o garbo ainda dos mais luzidos chefes do glorioso esquadrão. Posso também fallar livremente. E não é esta uma pequena superioridade neste tempo de conveniencias, de precauções, de reticencias—ou, digamos a cousa pelo seu nome, de hypocrisia e falsidade. Livre das vaidades, das ambições, das misérias d'uma posição, que não retendo, posso fallar nas miserias, nas ambições, nas vaidades d'esse mundo tão extranho para mim, atravessando por meio d'ellas e sahindo puro, limpo e innocente.

 

Esse embate, que originou o Realismo em Portugal, foi até 1871. Neste mesmo ano, foram promovidas as Conferências de Casino. O evento aconteceu em uma sala alugada de Lisboa e propunha revolucionar a sociedade portuguesa e fazer Portugal chegar ao nível de pensamento dos outros países da Europa. Neste momento, surge a figura de Eça de Queiroz

 

Características do Realismo em Portugal

 

Muitas das características do Realismo dos outros países também aparecem no movimento que surgiu em Portugal. Uma das particularidades, por exemplo, foi a proposta de realizar uma investigação objetiva da realidade para entender a relações sociais nos países. 

 

Os poetas e artistas passaram a chamar a atenção para as contradições sociais e para as pessoas que usavam as máscaras da hipocrisia para ditar regras sociais. A arte nesse contexto tornou-se engajada com os problemas de Portugal e teve a função de realizar denunciadoras sociais. 

 

Outras características do realismo em Portugal são:

 

• Ênfase nas ideias socialistas e de revolução;

• Objetivismo e cientificismo;

• Preocupação com a realidade imediata de Portugal;

• Foco na vida cotidiana e destaque para as pessoas comuns;

• Ataque aos falsos valores;

• Rejeição ao clérigo e a monarquia;

• Negação da idealização;

• Opiniões objetivas.

 

Principais autores

 

O Realismo foi considerado pelos estudiosos como um dos períodos mais férteis da literatura portuguesa. Ele contribuiu para o crescimento de vários autores e obras da época. Conheça agora os dois maiores representantes do movimento em Portugal. 

Antero de Quental 

 

Antero de Quental (1842 - 1891) foi um dos autores envolvidos na Questão Coimbrã e que enviou a carta de resposta Antônio de Castilho. Antero era escritor, poeta dedicado à poesia, filosofia e política. Foi um dos fundadores da Sociedade do Raio, grupo que reunia autores interessados em renovar a literatura e o país a partir da crítica social. Seus primeiros sonetos foram publicados em 1861, mas foi o livro “Odes Modernas” o responsável por abalar as estruturas do romantismo português e gerar críticas de outros escritores. 

 

Entre as obras do período realista estão:

 

• Odes Modernas (1865);

• Bom Senso e Bom Gosto (cartas de 1865); 

• A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais (1865); 

• Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX (1865);

• Causas da decadência dos povos peninsulares (1871).

 

Eça de Queirós 

 

José Maria de Eça de Queiroz (1845 - 1900) foi um diplomata e escritor representante do realismo em Portugal. Apesar de não ter participado da Questão Coimbrã, foi um grande defensor do realismo e atacou duramente a literatura romântica portuguesa. Eça pretendia fazer uma literatura crítica e que permitisse a tomada de consciência da sociedade.

 

Algumas das suas principais obras foram:

 

• O Mistério da Estrada de Sintra (1870) 

• O Crime do Padre Amaro (1875) 

• A Tragédia da Rua das Flores (1877-78)

• O Primo Basílio (1878) 

• O Mandarim (1880) 

• A Relíquia (1887) 

• Os Maias (1888)

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