3º Ano A e 3° Ano B - Biologia - Profa Solange
Período para entrega: Até 25/11/2020
Unidade Temática: Origem e Evolução da Vida- Evolução Biológica e Cultural
Instruções:
1- Assistir a Vídeo Aula - O Buraco Branco no Tempo - Peter Russel (Link disponibilizado abaixo e extraído do Caderno do Aluno - Volume 4)
2- Fazer a Leitura e Interpretação dos Textos.
3- Responder o exercício de Fixação.
4- Postar no Blogger e enviar para o e-mail da professora: solangestandbyme@gmail.com
https://youtu.be/KSeLYr7FerY
Revisão dos conteúdos sobre A Origem da Vida- Para relembrar:
Origens da humanidade, Criacionismo
Você já deve ter tido a curiosidade de saber como surgiu a espécie humana no planeta em que vivemos, não é mesmo? Essa curiosidade não é só sua. Muitos pesquisadores e cientistas têm estudado para descobrir como se deu a origem do ser humano na Terra.
Quanto mais a ciência se desenvolve, mais avançados são os recursos científicos que esses pesquisadores podem utilizar. Eles são capazes de encontrar novas possibilidades para explicar a origem humana. Assim, como um quebra-cabeça, cada nova descoberta vai completando o nosso conhecimento sobre o tema.
Entre as diversas explicações para o aparecimento do ser humano na Terra, duas se destacam pelo amplo debate que provocaram: o criacionismo, defendido por judeus e cristãos, e a teoria da evolução.
A criação
Durante muito tempo, os sábios idealistas sustentaram a teoria do limite intransponível entre o homem e os animais. Essa concepção se baseava no mito bíblico da criação do homem por Deus, que o teria feito "à sua imagem e semelhança".
A questão sobre as origens do homem remete um amplo debate, no qual filosofia, religião e ciência entram em cena para construir diferentes concepções sobre a existência da vida humana e, implicitamente, por que somos o único espécime dotado de características que nos diferenciam do restante dos animais.
Desde as primeiras manifestações mítico-religiosas, o homem busca resposta para essa questão. Neste âmbito, a teoria criacionista é a que tem maior aceitação. Ao mesmo tempo, ao contrário do que muitos pensam, as diferentes religiões do mundo elaboraram uma versão própria da teoria criacionista.
A mitologia grega atribui a origem do homem ao feito dos titãs Epimeteu e Prometeu. Epimeteu teria criado os homens sem vida, imperfeitos e feitos a partir de um molde de barro. Por compaixão, seu irmão Prometeu resolveu roubar o fogo do deus Vulcano para dar vida à raça humana. Já a mitologia chinesa, atribui a criação da raça humana à solidão da deusa Nu Wa, que ao perceber sua sombra sob as ondas de um rio, resolveu criar seres à sua semelhança.
O cristianismo adota a Bíblia como fonte explicativa sobre a criação do homem. Segundo a narrativa bíblica, o homem foi concebido depois que Deus criou céus e terra. Também feito a partir do barro, o homem teria ganhado vida quando Deus assoprou o fôlego da vida em suas narinas. Outras religiões contemporâneas e antigas formulam outras explicações, sendo que algumas chegam a ter pontos de explicação bastante semelhantes.
Pintura feita por Michelangelo no teto da Capela Sistina, no Palácio do Vaticano, em 1510, que representa a criação do homem por Deus, à sua imagem e semelhança.
Referência:
Como referenciar: "Origens da humanidade, Criacionismo" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2020. Consultado em 17/11/2020 às 14:22. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/ef2/evolucao/p3.php
Evolução humana
Em oposição ao criacionismo, a teoria evolucionista parte do princípio de que o homem é o resultado de um lento processo de alterações (mudanças). Esta é a ideia central da evolução: os seres vivos (vegetais e animais, incluindo os seres humanos) se originaram de seres mais simples, que foram se modificando ao longo do tempo.
Essa teoria, formulada na segunda metade do século XIX pelo cientista inglês Charles Darwin, tem sido aperfeiçoada pelos pesquisadores e hoje é aceita pela maioria dos cientistas.
Após abandonar seus estudos em medicina, Charles Darwin (1809 – 1882) decidiu dedicar-se às pesquisas sobre a natureza. Em 1831 foi convidado a participar, como naturalista, de uma expedição de cinco anos ao redor do mundo organizada pela Marinha britânica.
Em 1836, de volta à Inglaterra, trazia na bagagem milhares de espécimes animais e vegetais coletados em todos os continentes, além de uma enorme quantidade de anotações. Após vinte anos de pesquisas baseadas nesse material, saiu sua obra prima: A Origem das Espécies através da seleção natural, livro publicado em 1859.
A grande contribuição de Darwin para a teoria da evolução foi a ideia da seleção natural. Ele observou que os seres vivos sofrem modificações que podem ser passadas para as gerações seguintes.
No caso das girafas, ele imaginou que, antigamente, haveria animais de pescoço curto e pescoço longo. Com a oferta mais abundante de alimentos no alto das árvores, as girafas de pescoço longo tinham mais chance de sobreviver, de se reproduzir e assim transmitir essa característica favorável aos descendentes. A seleção natural nada mais é, portanto, do que o resultado da transmissão hereditária dos caracteres que melhor adaptam uma espécie ao meio ambiente. [...]
A ideia seleção natural não encontrou muita resistência, pois explicava a extinção de animais como os dinossauros, dos quais já haviam sido encontrados muitos vestígios. O que causou grande indignação, tanto nos meios religiosos quanto nos científicos, foi a afirmação de que o ser humano e o macaco teriam um parente em comum, que vivera há milhões de anos. Logo, porém surgiria a comprovação dessa teoria, à medida que os pesquisadores descobriam esqueletos com características intermediárias entre os humanos e os símios.
Referência:
Como referenciar: "Evolução humana" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2020. Consultado em 17/11/2020 às 14:23. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/ef2/evolucao/index.php
Etapas da evolução humana
Primatas: Os mais antigos viveram há cerca de 70 milhões de anos. Esses mamíferos de pequeno porte habitavam as árvores das florestas e alimentavam-se de olhas e insetos.
Hominoides: São primatas que viveram entre aproximadamente 22 e 14 milhões de anos atrás. O procônsul, que tinha o tamanho de um pequeno gorila, habitava em árvores, mas também descia ao solo; era quadrúpede, isto é, locomovia-se sobre as quatro patas. Descendente do procônsul, o kenyapiteco às vezes endireitava o corpo e se locomovia sobre as patas traseiras.
Hominídeos: Família que inclui o gênero australopiteco e também o gênero humano. O australopiteco afarense, que viveu há cerca de 3 milhões de anos, era um pouco mais alto que o chimpanzé. Já caminhava sobre os dois pés e usava longos braços se pendurar nas árvores. Mais alto e pesado, o australopiteco africano viveu entre 3 milhões e 1 milhão de anos. Andava ereto e usava as mãos para coletar frutos e atirar pedras para abater animais.
Homo habilis: Primeiro hominídeo do gênero Homo. Viveu por volta de 2,2 milhões a 780 mil anos atrás. Fabricava instrumentos simples de pedra, construía cabanas e, provável,ente, desenvolveu, uma linguagem rudimentar. Seus vestígios só foram encontrados na África.
Homo erectus: Descendeu do Homo habilis, viveu entre 1,8 milhões de anos e 300 mil anos atrás. Saiu da África, alcançando a Europa, a Ásia e a Oceania. Fabricava instrumentos de pedra mais complexos e cobria o corpo com peles de animais. Vivia em grupos de vinte a trinta membros e utilizava uma linguagem mais sofisticada. Foi o descobridor do fogo.
Homem de Neandertal: Provável descendente do Homo erectus, viveu há cerca de 200 mil a 30 mil anos. Habilidoso, criou muitas ferramentas e fabricava armas e abrigos com ossos de animais. Enterrava os mortos nas cavernas, com flores e objetos. Conviveu com os primeiros homens modernos e desapareceu por motivos até hoje desconhecidos.
Homo sapiens: Descendente do Homo erectus, surgiu entre 100 mil e 50 mil anos atrás. Trata-se do homem moderno. Espalhou-se por toda a Terra, deixando variados instrumentos de pedra, osso e marfim. Desenvolveu a pintura e a escultura.
É preciso lembrar, porém, que essa listagem não está completa. Ela apenas resume o que foi possível concluir a partir dos fósseis estudados até hoje.
Ainda faltam muitas peças no quebra cabeça da evolução humana, por exemplo, o tão procurado "elo perdido", aquele espécime com características de primatas e de humanos, que explicaria um importante passo da humanidade em sua fascinante aventura sobre a Terra.
Referência:
Como referenciar: "Etapas da evolução humana" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2020. Consultado em 17/11/2020 às 14:25. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/ef2/evolucao/p2.php
Nova espécie do gênero humano é descoberta na África do Sul
Pesquisadores encontraram ossos de pelo menos 15 hominídeos. Ela foi batizada de 'Homo naledi' e classificada dentro do gênero Homo.
Um grupo de pesquisadores apresentou no dia 10 de setembro de 2015 na África do Sul os remanescentes fósseis de um primata que podem ser de uma espécie do gênero humano desconhecida até agora.
A criatura foi encontrada na caverna conhecida como Rising Star (estrela ascendente), 50 km a nordeste de Johanesburgo, onde foram exumados os ossos de 15 hominídeos. O primata foi batizado de Homo naledi. Em língua sotho, "naledi" significa estrela, e Homo é o mesmo gênero ao qual pertencem os humanos modernos.
Reconstrução mostra como seria o rosto do 'Homo Naledi', como foi batizada a nova espécie identificada a partir de ossos encontrados na África do Sul
Os fósseis foram encontrados em uma área profunda e de difícil acesso da caverna, na área arqueológica conhecida como "Berço da Humanidade", considerada patrimônio mundial pela Unesco. Por se situar num depósito sedimentar onde as camadas geológicas se misturam de maneira complexa, os cientistas ainda não conseguiram datar o primata descoberto, que poderia ter qualquer coisa entre 100 mil e 4 milhões de anos.
"Estou feliz de apresentar uma nova espécie do ancestral humano", declarou Lee Berger, pesquisador da Universidade Witwatersrand de Johannesburgo, numa entrevista coletiva em Moropeng, onde fica o "Berço da Humanidade".
O professor Lee Berger segura a réplica de um crânio do ‘Homo naledi’, nova espécie de hominídeo descoberta na África do Sul
"Alguns aspectos do Homo naledi, como suas mãos, seus punhos e seus pés, estão muito próximos aos do homem moderno. Ao mesmo tempo, seu pequeno cérebro e a forma da parte superior de seu corpo são mais próximos aos de um grupo pré-humano chamado australopithecus"
Chris Stringer,
Museu de História Natural de Londres
Em 2013 e 2014, os cientistas encontraram mais de 1.550 ossos que pertenceram a, pelo menos, 15 indivíduos, incluindo bebês, adultos jovens e pessoas mais velhas. Todos apresentavam uma morfologia homogênea e pertenciam a uma "nova espécie do gênero humano que era desconhecida até então".
O Museu de História Natural de Londres classificou a descoberta como extraordinária.
"Alguns aspectos do Homo naledi, como suas mãos, seus punhos e seus pés, estão muito próximos aos do homem moderno. Ao mesmo tempo, seu pequeno cérebro e a forma da parte superior de seu corpo são mais próximos aos de um grupo pré-humano chamado australopithecus", disse Chris Stringer, pesquisador do Museu de História Natural de Londres, autor de um artigo sobre o tema que acompanhou o estudo de Berger, publicado no periódico científico eLife.
A descoberta pode permitir uma compreensão melhor sobre a transição, há milhões de anos, entre o australopiteco primitivo e o primata do gênero homo, nosso ancestral direto.
Se for muito antiga, com mais de 3 milhões de anos, a espécie teria convivido com os australopitecos, anteriores ao gênero homo. Se for mais recente, com menos de 1 milhão de anos, é possível que tenha coexistido com os neandertais -- primos mais próximos do Homo sapiens -- ou até mesmo com humanos modernos.
Os trabalhos que levaram à descoberta foram patrocinados pela National Geographic Society, dos EUA, e pela Fundação Nacional de Pesquisa da África do Sul.
Foto da revista National Geographic mostra ossos recolhidos por pesquisadores na África do Sul que foram identificados como sendo de uma nova espécie do gênero humano
(http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/antiga-especie-do-genero-humano-e-descoberta-na-africa-do-sul.htmll)
Referência:
Como referenciar: "Nova espécie do gênero humano é descoberta na África do Sul" em Só Biologia. Virtuous ]Tecnologia da Informação, 2008-2020. Consultado em 17/11/2020 às 15:14. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/noticias/noticia73.php
DOR, SENCIÊNCIA E BEM-ESTAR EM ANIMAIS
Senciência e Dor
Stelio Pacca Loureiro LUNA1
RESUMO - Senciência é a capacidade de sentir, que engloba pelo menos todos os animais vertebrados. Neste contexto a dor é um mecanismo de defesa, que quando não tratada pode desencadear hiperalgesia e sofrimento permanente. Para tal é importante o reconhecimento e tratamento adequado da mesma em animais. De forma geral os estímulos que causam dor nas diferentes espécies de animais são similares e os animais de produção são os que mais sofrem dor, relacionada ao manejo para produção e aos procedimentos cruentos, muitas vezes questionáveis da real necessidade. Há uma negligência tanto para prevenção como para o tratamento da dor em animais. O avanço da ciência do bem-estar animal aguçou o senso crítico da necessidade de prevenção e tratamento da dor em animais, adicionado ao olhar atento do consumidor, às boas práticas de produção e a preservação ambiental. Desta forma, o bem-estar animal agrega valor ao produto e pode favorecer a produtividade. É dever do ser humano prover condições para que os animais não sejam submetidos a procedimentos dolorosos sem a devida anestesia e analgesia e repensar o uso de práticas que causam dor e sofrimento em animais de produção.
Termos de indexação: dor, senciência, sofrimento animal.
PAIN, SENTIENCE AND ANIMAL WELFARE
Sentience and pain
ABSTRACT - Sentience is the ability to feel, which is observed in at least all vertebrate animals. In this context, pain is a defense mechanism. Hyperalgesia and permanent suffering may develop if pain is not treated. According to that it is important to recognize and treat pain in animals. In general, the stimuli that produce pain are similar among animal species. The animals used for food production are the ones that have the most suffering during the management for production. Most of these procedures are questionable if they are really necessary. Both prevention and treatment of pain in animals are neglected. The development of the animal welfare science improved the critical senses for the necessity of prevention and treatment of pain in animals. The consumer attention, the good animal production practices and the environmental preservation also increased the demand for the welfare of animals. The animal welfare aggregates value to the product and may improve productivity. It is a human obligation to provide conditions to animals to be submitted to pain procedures with the adequate anesthesia and analgesia. It is also necessary to reevaluate the practices that produce animal suffering. Index terms: animal suffering, pain, sentience.
1 Médico Veterinário, Professor Adjunto do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinaria, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Campus de Botucatu, São Paulo, 18607350; email: stelio@fmvz.unesp.br
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 11, suplemento 1, p. 17-21 - abril, 2008
S.P.L.LUNA
Dor e senciência
Senciência, palavra originada do latim sentire, que significa sentir, é a "capacidade de sofrer ou sentir prazer ou felicidade" (SINGER, 2002). De forma sintética é a capacidade de sentir, estar consciente de si próprio ou apenas do ambiente que o cerca. Não cabe aqui estabelecer uma discussão filosófica do termo senciência, mas sim das implicações práticas relacionadas ao fato inquestionável cientificamente de que pelo menos os animais vertebrados sofrem e são serem sencientes. A evidência de que os animais sentem dor se confirma pelo fato que estes evitam ou tentar escapar de um estímulo doloroso e quando apresentam limitação de capacidade física pela presença de dor, está é eliminada ou melhorada com o uso de analgésicos. Para muitos filósofos, a senciência fornece ao animal um valor moral intrínseco, dado que há interesses que emanam destes sentimentos. Estas evidências estão bem documentadas por estudos comportamentais, pela similaridade anatomo-fisiológica em relação ao ser humano e pela teoria da evolução (LUNA 2006).
A dor faz parte do cotidiano de qualquer ser vivo e é condição fundamental para sobrevivência. É uma qualidade sensorial de alerta para que os indivíduos percebam a ocorrência de dano tecidual e que estabeleçam mecanismos de defesa ou de fuga (TEIXEIRA, 1995). Esta é a dor é conhecida como fisiológica e tem função protetora (WOOLF, 1991; GOZZANI, 1997). Por outro lado, quando a dor fisiológica não é tratada adequadamente após o dano tecidual, pode ocorre a persistência do fenômeno, ativação de vias não envolvidas na mediação da dor em condições normais e que passam a contribuir para a nocicepção, fenômeno conhecido como alodinia, adicionado da redução do limiar de sensibilidade dos nociceceptores, fenômeno conhecido como hiperalgesia. Nestas situações a dor passa de sintoma de uma possível lesão tecidual à própria doença. Casos de hipersensibilidade periférica e central tornam a dor autopersistente, muitas vezes por toda a vida do animal. Neste caso a dor é denominada de patológica ou clínica e pode ser torna crônica e neuropática. Está bem documentado que a melhor forma de controlar a dor é prevení-la, para evitar a sensibilização periférica e central do sistema nervoso, esta última muitas vezes é irreversível, dada à dificuldade de tratamento (LUNA 2006).
Avaliação da dor em animais
A complexidade da dor ultrapassa a fronteira física e é influenciada pelo meio ambiente e pela resposta psíquica do animal. Desta forma é considerada como um fenômeno biopsico-social, que envolve os aspectos biológico, psíquico e social do indivíduo. Relaciona-se ao ambiente que o animal vive e às condições de tratamento do mesmo. O ponto crítico é como avaliar a dor em animais. Apesar do antropormofismo não ser a melhor forma de lidar com a questão, dada às grandes diferenças existentes não só entre a espécie humana e os animais, bem como entre as diferentes espécies de animais, o principio de analogia é um bom guia para reconhecer a dor em animais. De forma geral os estímulos que causam dor nas diferentes espécies de animais são muito similares, havendo uma similaridade de limiar de dor para estímulos, mecânicos, térmicos ou químicos. A variação entre as espécies não ocorre pela sensação em si, mas sim pela forma de manifestação comportamental reativa frente ao estímulo doloroso (LUNA 2006).
Dentre os animais domésticos, os animais de produção são os que mais sofrem dor, tanto pelo fato de que raramente recebem profilaxia ou tratamento analgésico em condições clínicas, como pelo fato que são submetidos a diversos procedimentos cruentos com a finalidade de aumentar a capacidade produtiva ou corrigir problemas relacionados com a produção. Estes procedimentos são muitas vezes questionáveis da real necessidade e são realizados na maioria das vezes sem a devida anestesia ou analgesia. Dentre as causas principais de dor e sofrimento em animais de produção têm-se a marcação à quente ou frio, orquiectomia, descorna, mastite e laminite em ruminantes, a muda forçada, a debicagem e a doença degenerativa articular em aves domésticas e a caudectomia, orquiectomia e o corte de dentes em suínos. Adicionalmente o próprio manejo dos animais pode desencadear um estímulo nocivo, como em casos de traumas durante o transporte e a falta de espaço pelo confinamento, neste caso principalmente em aves de postura e de corte e em criações intensivas de suínos e “baby beef”. As práticas de esporte, como em rodeios, também podem desencadear dor (PRADA et al 2002).
Atitudes dos seres humanos quanto ao tratamento da dor em animais
Há negligencia tanto para prevenção como para o tratamento da dor no homem e em animais. Ainda permanecem resquícios do pensamento filosófico de René Descartes do século XVII, que propôs que os animais apresentavam uma fisiologia diferente do homem e que a reação dos mesmos a um estímulo doloroso seria apenas mecânica, por um reflexo de proteção sem consciência da dor. Graças a teoria da evolução de Charles Darwin no século XX, o homem descende dos animais e suas sensações são muito próximas, dado que a anatomia, a fisiologia, as respostas farmacológicas, as reações frentes à um estímulo nocivo e o comportamento de esquiva frente a uma experiência dolorosa são similares. O “colocar-se no lugar do animal” é uma boa forma de avaliar o sofrimento alheio. O próprio Charles Darwin enunciou que “não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais... os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento”.
Com o avanço da ciência do bem-estar animal, tem-se aguçado o senso crítico da necessidade de prevenção e tratamento da dor em animais. Adicionalmente o consumidor está atento para o alimento que respeite as boas práticas e a preservação ambiental. Desta forma, o bem-estar animal tem passado de um empecilho às práticas de produção, a um aliado importante para viabilidade financeira do agronegócio, agregando valor ao produto. Algumas práticas realizadas em animais de produção têm sido questionadas. A preocupação com o bem-estar animal e o controle da dor nestas espécies pode ser vantajosa para a própria produtividade. Por exemplo, observou-se maior ganho de peso em leitões castrados sob efeito de anestesia local na semana após a cirurgia, em relação àqueles não anestesiados, superando inclusive os gastos com o procedimento anestésico, o que demonstra a vantagem e a viabilidade econômica de se evitar o sofrimento desnecessário de animais (LUNA, 2006). Cães submetidos à cirurgia ortopédica apresentaram melhor recuperação do ponto de vista cirúrgico, em termos de melhor cicatrização, consolidação da fratura mais rápida e menor edema, infecção e migração de pino, quando tratados com analgésicos antiinflamatórios, do que os não tratados (CRUZ et al 2000), o que contradiz o argumento de que o tratamento da dor em animais submetidos a procedimentos ortopédicos deve ser limitado dado à possibilidade do animal “forçar” o membro e interferir na recuperação da cirurgia. Desta forma, vários estudos corroboram a necessidade de prevenir e tratar a dor em animais.
Para a prevenção e o tratamento da dor em animais é necessário reconhecê-la. Esta avaliação, da mesma forma que em neonatos humanos, é difícil em animais, pela dificuldade de interpretar o comportamento aversivo. Várias escalas têm sido introduzidas na prática clínica de pequenos animais (HOLTON et al 2001), entretanto esta abordagem é quase inexistente em animais de produção e silvestres (PRICE et al 2003).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dor incapacita para a vida e ao considerar que os animais estão sob nossa responsabilidade, é dever do ser humano e particularmente do médico veterinário, prover condições para que os animais não sejam submetidos a procedimentos dolorosos sem a devida anestesia e analgesia. Em casos de animais de produção deve-se repensar o uso de práticas que causam dor e sofrimento animal, pois ao considerar que os animais são criados para o nosso benefício, o mínimo que pode ser feito é tratálos de uma forma digna e com respeito pela qualidade de vida. Práticas como a debicagem em aves de postura, caudectomia e corte de dentes em leitões, castração, desvio lateral de pênis para produção de rufiões e descorna em ruminantes, bem como outras práticas de manejo que causam dor e sofrimento intensos, tal como a marcação a fogo, deveriam ser reavaliadas quanto à necessidade e a forma de realização. O custo do sofrimento animal deve ser levado em consideração, já que a emoção e/ou inteligência animal pode ser questionada, mas é inquestionável que os animais podem sofrer.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SINGER, P. Vida Ética. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. 420p.
CRUZ, M.L., LUNA, S.P.L., SILVA JUNIOR, J.R., IAMAGUTE, P., CROCCI, A., TAKAHIRA, R.K. Efeitos do flunixin, ketoprofeno, carprofeno, brupenorfina e placebo para analgesia pós-operatória em cães submetidos à osteossíntese de fêmur. Hora Veterinária, v. 114, p. 19-25, 2000.
PRADA, I.L.S., MASSONE, F., CAIS, A., COSTA, P.E.M.,
SENEDA, M.M. Bases metodológicas e neurofuncionais da avaliação de ocorrência de dor/sofrimento em animais. Revista de Educação Continuada do CRMV-SP, v. 5, p. 1-13, 2002.
HOLTON, L., REID J, SCOTT EM, PAWSON P, NOLAN A. Development of a behavior-based scale to measure acute pain in dogs. Veterinary Record, v. 148, p. 525-531, 2001.
PRICE, J., CATRIONA, S., WELSH, E.M., WARAN, N.K. Preliminary evaluation of a behavior-based system for assessment of postoperative analgesia in horses following arthroscopy surgery. Veteterinary Anaesthesia and Analgesia, v. 30, p. 124-137, 2003.
WOOLF, C.J., CHONG, M. Preemptive analgesia – treating postoperative pain by preventing the establishment of central sensitization. Anesthesia and Analgesia, v.77, p.362-379, 1993.
TEIXEIRA, M.J. Fisiopatologia da dor. Red. Med., v.73, n.2, p.55-64, 1995.
GOZZANI, J.L. Analgesia pósoperatória. In: MANICA, J.T. et al. Anestesiologia: princípios e técnicas. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p.763–769.
LUNA, S.P.L. Dor e sofrimento animal. In: RIVERA, E.A.B.; AMARAL, M.H.; NASCIMENTO, V.P. Ética e Bioética. Goiânia, 2006. p. 131-158.
Exercícios de Fixação
1) Verdadeiro ou falso?
( ) As estruturas análogas são encontradas em espécies diferentes e que
desempenham a mesma função, porém, não tem a mesma origem.
2) Verdadeiro ou falso?
( ) O design inteligente é uma ideia defendida por criacionistas e supõe que a
evolução dos seres vivos ocorra através da interferência de uma divindade, que
molda as características dos organismos.
3) Verdadeiro ou falso?
( ) Os órgãos vestigiais são estruturas do corpo funcionais e que desempenham
função definida.
4) Verdadeiro ou falso?
( ) A hipótese da abiogênese é também chamada de BIG BANG.
5) Verdadeiro ou falso?
( ) O BIG BANG supõe que há cerca de 10 a 20 bilhões de anos houve uma grande
explosão que formou as galáxias, o Sol, e através do Sol inúmeros planetas,
entre eles a Terra.
6) Verdadeiro ou falso?
( ) Os fósseis podem ser apenas partes de organismos, como os ossos, dentes e
conchas ou somente as impressões dos organismos, como pegadas de animais,
impressões de folhas e penas.
7) Verdadeiro ou falso?
( ) O filósofo Aristóteles acreditava que a luz do Sol, o lodo e o material em
decomposição possuíam forças vitais, o que seria suficiente para gerar vida.
8) Verdadeiro ou falso?
( ) Na hipótese de Darwin a Terra era formada por gases e compostos orgânicos
que sofriam diversas reações químicas, formando uma sopa nutritiva da qual a
primeira célula viva surgiu.
9) Verdadeiro ou falso?
( ) As ideias evolucionistas começaram a ser aceitas após os trabalhos de
Charles Darwin e Alfred Russel Wallace.
10) Verdadeiro ou falso?
( ) Os fósseis são estruturas vivas de organismos que possuem dados moleculares
destes.
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