Gerações
Românticas no Brasil
A produção literária dos autores
brasileiros do Romantismo é subdividida em três gerações. São as
chamadas gerações românticas no Brasil.
A primeira geração é denominada nacionalista
ou indianista. A segunda geração romântica foi batizada de "geração
do mal-do-século" e a terceira de "geração condoreira".
Também chamada de geração
nacionalista ou indianista, foi marcada pela exaltação à natureza, volta ao
passado histórico, medievalismo, criação do herói nacional na figura do índio.
Essa alusão ao indígena deu origem ao
nome dessa fase da literatura brasileira.
O sentimento e a religiosidade também
são características marcantes da produção literária dos autores da primeira
geração.
Entre os principais poetas podemos
destacar Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto Alegre.
É a geração do mal-do-século, que foi
intensamente influenciada pela poesia de Lord
Byron e Musset. Por esse motivo, é também chamada de "geração
byroniana".
As obras dessa fase da literatura são
impregnadas de egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão
adolescente e tédio constante.
São essas as características do
ultra-romantismo, o verdadeiro mal-do-século.
O tema preferido é a fuga da
realidade, que se manifesta na idealização da infância, nas virgens sonhadas e
na exaltação da morte.
Os principais poetas dessa geração
foram Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes
Varela.
A Geração Condoreira foi
caracterizada pela poesia social e libertária. Nela estão refletidas
as lutas internas da segunda metade do reinado de Dom Pedro II.
Essa geração sofreu intensamente a
influência das ideias de Victor Hugo, de sua poesia político-social.
Em consequência dessa ligação, essa
fase da literatura também é chamada de "geração hugoana".
O termo condoreirismo
é consequência do símbolo de liberdade adotado pelos jovens românticos: o
condor, águia que habita o alto da cordilheira dos Andes.
Seu principal representante foi Castro
Alves, seguido por Sousândrade.
Romantismo no Brasil
O início do Romantismo no Brasil é classificado pela chegada
da família real, em 1808. É um período de grande e intensa urbanização, que
permite a divulgação de um campo livre de ideias para as novas tendências
europeias.
O romantismo no Brasil é influenciado
pelas ideias liberais da Revolução Francesa e a Independência dos EUA.
Ao mesmo tempo, o país caminhava rumo
à própria independência. São os ideais que fazem crescer, após 1822, o
nacionalismo, o retorno ao passado histórico, a valorização das coisas da terra
e a exaltação da natureza.
As obras consideradas como marco do
Romantismo no Brasil são a Revista Niterói e o livro de poesias Suspiros
Poéticos e Saudades, que foram publicadas em 1836 por Gonçalves Magalhães.
Leia também: Prosa Romântica no Brasil.
Gerações do Romantismo na Europa
O Romantismo na Europa é marcado pela
publicação na Alemanha em 1774 do romance Werther, de Goethe. Essa obra
lança as bases do sentimentalismo romântico, do escapismo pelo suicídio.
Também influenciam diretamente as
ideias da poesia ultra-romântica de Lord Byron e Ivanhoé, de Walter Scott, na
Inglaterra.
Gerações Românticas em Portugal
O Romantismo em Portugal é subdividido em duas
gerações: a Primeira Geração e a Segunda Geração.
A primeira geração romântica em
Portugal é caracterizada por autores que ainda utilizavam o modelo do
Neoclassicismo, como Almeida Garret e Alexandre Herculano.
Já a segunda geração romântica em
Portugal é representada por uma produção literária enquadrada no
ultra-romantismo.
Esse modelo pode ser visto nas obras
de Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.
Gerações Românticas na Poesia
A poesia está entre as principais
formas de manifestações literárias das gerações românticas no Brasil. Há
representação de autores em todas as gerações.
Gonçalves Dias
O autor Gonçalves Dias (1823-1864) é
considerado o responsável pela consolidação do Romantismo no Brasil.
Apresenta uma poesia nacionalista que
idealiza a figura do índio, como em I-Juca-Pirama.
"Meu
canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi"
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi"
Leia também Canção do Exílio.
Álvares de Azevedo
A poesia de Álvares de Azevedo
(1831-1853) é marcada pelas falas de amor, de morte, de donzelas ingênuas, da
virgem sonhadora, filhas do céu, mulheres misteriosas em seus sonhos de
adolescentes. São comuns as frustrações, o sofrimento, a dor e morte.
Lembrança
de Morrer
Quando em
meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece o vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste pensamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro (...)
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece o vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste pensamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro (...)
Castro Alves
Diferente dos poetas da primeira
geração romântica, Castro Alves (1847-1871) amplia o universo antes intimista e
trata, além do amor, da mulher, do sonho, a coletividade, o abolicionismo e as
lutas de classe.
É assim em O Navio Negreiro, poema declamado em 7 de
setembro de 1868, na faculdade de Direito do Largo de São Francisco. O poema
exalta o povo africano.
E existe
um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! Meu deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! Meu deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
Contribuição: Daniela Diana