quarta-feira, 18 de novembro de 2020

 2° Ano E Biologia Profa Solange

Período para entrega: Até 25/11/2020

Unidade Temática: Tecnologias de Transferência do DNA- Enzimas de Restrição, Vetores e Clonagem Molecular. 


Instruções: 

1- Fazer a Leitura e Interpretação dos Textos.

2- Responder a atividade: Exercícios de Fixação.

3- Postar no Blogger e enviar para o e-mail da professora: solangestandbyme@gmail.com


Terapia Gênica


Por terapia gênica se entende a transferência de material genético com o propósito de prevenir ou curar uma enfermidade qualquer.

No caso de enfermidades genéticas, nas quais um gene está defeituoso ou ausente, a terapia gênica consiste em transferir a versão funcional do gene para o organismo portador da doença, de modo a reparar o defeito. Se trata de uma ideia muito simples, mas como veremos sua realização prática apresenta vários obstáculos.

Primeira etapa: o isolamento do gene.

Um gene é uma porção de DNA que contém a informação necessária para sintetizar uma proteína. Transferir um gene é transferir um pedaço particular de DNA. Portanto, é necessário antes de tudo, possuir “em mãos” o pedaço correto.

As enfermidades genéticas conhecidas estão ao redor de 5000, cada uma causada por uma alteração genética diferente. O primeiro passo para a terapia gênica é identificar o gene responsável pela enfermidade. Subsequentemente, pelas técnicas de biologia molecular é possível adquirir um pedaço de DNA que contém este gene. Esta primeira etapa é chamada de isolamento ou clonagem do gene.

Qualquer enfermidade é candidata a terapia gênica, desde que o gene esteja isolado para a transferência. Graças ao progresso da biologia molecular esta primeira etapa é relativamente simples em comparação a alguns anos atrás. Tem sido possível isolar numerosos genes causadores de doenças genéticas e, se descobrem outros a cada semana.

In vivo ou em ex-vivo?

Estas condições mostram qual é o objetivo da transferência gênica. Os procedimentos da terapia gênica in vivo consistem em transferir o DNA diretamente para as células ou para os tecidos do paciente.
Nos procedimentos ex-vivo, o DNA é primeiramente transferido para células isoladas de um organismo, previamente crescidas em laboratório. As células isoladas são assim modificadas e podem ser introduzidas no paciente. Este método é indireto e mais demorado, porém oferece a vantagem de uma eficiência melhor da transferência e a possibilidade de selecionar e ampliar as células modificadas antes da reintrodução.

Como se transfere o DNA a célula hospedeira?

Os procedimentos de transferência do DNA in vivo ou em ex-vivo têm o mesmo propósito: o gene deve ser transferido para dentro das células, e uma vez inserido tem que resistir bastante tempo. Neste tempo, o gene tem que produzir grandes quantidades de proteína para reparar o defeito genético. Essas características podem ser resumidas em um único conceito: o gene estranho precisa se expressar de modo efetivo no organismo que o receberá.

O sistema mais simples seria, naturalmente, injetar o DNA diretamente nas células ou nos tecidos do organismo a ser tratado. Na prática, este sistema é extremamente ineficaz: o DNA desnudo quase não apresenta efeito nas células. Além disso, essa tentativa requer a injeção em uma única célula ou grupos de células do paciente.
Por isto, quase todas as técnicas atuais para a transferência de material genético implicam o uso de vetores, para transportar o DNA para as células hospedeiras.



Referência:

Como referenciar: "Terapia Gênica" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2020. Consultado em 17/11/2020 às 16:19. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/terapia_genica.php



O que é clonagem?


A clonagem é um mecanismo comum de reprodução de espécies de plantas ou bactérias.

Um clone pode ser definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e que são idênticas à célula original. Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da divisão de um óvulo fertilizado.

A grande revolução da Dolly, que abriu caminho para possibilidade de clonagem humana, foi a demonstração, pela primeira vez, de que era possível clonar um mamífero, isto é, produzir uma cópia geneticamente idêntica, a partir de uma célula somática diferenciada. Para entendermos porque esta experiência foi surpreendente, precisamos recordar um pouco de embriologia.


O núcleo da célula contém os 23 pares de cromossomos

Todos nós já fomos uma célula única, resultante da fusão de um óvulo e um espermatozoide. Esta primeira célula já tem no seu núcleo o DNA com toda a informação genética para gerar um novo ser. O DNA nas células fica extremamente condensado e organizado em cromossomos. Com exceção das nossas células sexuais, o óvulo e o espermatozoide que têm 23 cromossomos, todas as outras células do nosso corpo têm 46 cromossomos. Em cada célula, temos 22 pares que são iguais nos dois sexos, chamados autossomos e um par de cromossomos sexuais:

XX no sexo feminino e XY no sexo masculino. Estas células, com 46 cromossomos, são chamadas células somáticas.

Voltemos agora à nossa primeira célula resultante da fusão do óvulo e do espermatozoide. Logo após a fecundação, ela começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante. Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um ser humano completo. São chamadas de totipotentes. Na fase de oito a dezesseis células, as células do embrião se diferenciam em dois grupos: um grupo de células externas que vão originar a placenta e os anexos embrionários, e uma massa de células internas que vai originar o embrião propriamente dito. Após 72 horas, este embrião, agora com cerca de cem células, é chamado de blastocisto.

    

É nesta fase que ocorre a implantação do embrião na cavidade uterina. As células internas do blastocisto vão originar as centenas de tecidos que compõem o corpo humano. São chamadas de células tronco embrionárias pluripotentes. A partir de um determinado momento, estas células somáticas - que ainda são todas iguais - começam a diferenciar-se nos vários tecidos que vão compor o organismo: sangue, fígado, músculos, cérebro, ossos etc. Os genes que controlam esta diferenciação e o processo pelo qual isto ocorre ainda são um mistério.

O que sabemos é que uma vez diferenciadas, as células somáticas perdem a capacidade de originar qualquer tecido. As células descendentes de uma célula diferenciada vão manter as mesmas características daquela que as originou, isto é, células de fígado vão originar células de fígado, células musculares vão originar células musculares e assim por diante. Apesar de o número de genes e de o DNA ser igual em todas as células do nosso corpo, os genes nas células somáticas diferenciadas se expressam de maneiras diferentes em cada tecido, isto é, a expressão gênica é específica para cada tecido. Com exceção dos genes responsáveis pela manutenção do metabolismo celular (housekeeping genes) que se mantêm ativos em todas as células do organismo, só irão funcionar em cada tecido ou órgão os genes importantes para a manutenção deste. Os outros se mantêm "silenciados" ou inativos.

Texto adaptado de Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco". Cienc. Cult., jun. 2004, vol. 56, nº 3, pp. 23-27, ISSN 0009-6725.


Referência:

Como referenciar: "Clonagem" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2020. Consultado em 17/11/2020 às 16:22. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/biotecnologia.php



Clonagem Reprodutiva


A grande notícia da Dolly foi justamente a descoberta de que uma célula somática de mamífero, já diferenciada, como a célula da pele, a célula do coração, etc. poderia ser reprogramada ao estágio inicial e voltar a ser totipotente (isto é poder dar origem a qualquer tipo celular novamente).

Isto foi conseguido através da transferência do núcleo de uma célula somática da glândula mamária da ovelha que originou a Dolly para um óvulo anucleado (óvulo sem núcleo). Surpreendentemente, este começou a comportar-se como um óvulo recém-fecundado por um espermatozoide. Isto provavelmente ocorreu porque o óvulo, quando fecundado, tem mecanismos, para nós ainda desconhecidos, para reprogramar o DNA de modo a tornar todos os seus genes novamente ativos, o que ocorre no processo normal de fertilização.


Ilustração de como foi a clonagem da Dolly

Para a obtenção de um clone, este óvulo anucleado, no qual foi transferido o núcleo da célula somática, foi inserido para o útero de uma outra ovelha. No caso da clonagem humana reprodutiva, a proposta seria retirar-se o núcleo de uma célula somática, que teoricamente poderia ser de qualquer tecido de uma criança ou adulto, inserir este núcleo em um óvulo e implantá-lo em um útero (que funcionaria como uma barriga de aluguel). Se este óvulo se desenvolver teremos um novo ser com as mesmas características físicas da criança ou adulto de quem foi retirada a célula somática. Seria como um gêmeo idêntico nascido posteriormente.

     
Ilustração de como seria a clonagem humana

Já sabemos que não é um processo fácil. Dolly só nasceu depois de 276 tentativas que fracassaram. Além disso, dentre as 277 células "da mãe de Dolly" que foram inseridas em um óvulo sem núcleo, 90% não alcançaram nem o estágio de blastocisto. A tentativa posterior de clonar outros mamíferos tais como camundongos, porcos, bezerros, um cavalo e um veado também tem mostrado uma eficiência muito baixa e uma proporção muito grande de abortos e embriões malformados. Penta, a primeira bezerra brasileira clonada a partir de uma célula somática morreu adulta, em 2002, com um pouco mais de um mês.


Dolly e a ovelha doadora do DNA

Ainda em 2002, foi anunciada a clonagem do copycat o primeiro gato de estimação clonado a partir de uma célula somática adulta. Para isto foram utilizados 188 óvulos que geraram 87 embriões e apenas um animal vivo. Na realidade, experiências recentes, com diferentes tipos de animais, têm mostrado que esta reprogramação dos genes, para o estágio embrionário, o qual originou Dolly, é extremamente difícil.

O grupo liderado por Ian Wilmut, o cientista escocês que se tornou famoso por esta experiência, afirma que praticamente todos os animais que foram clonados nos últimos anos a partir de células não embrionárias estão com problemas. Entre os diferentes defeitos observados nos pouquíssimos animais que nasceram vivos após inúmeras tentativas, observam-se: placentas anormais, gigantismo em ovelhas e gado, defeitos cardíacos em porcos, problemas pulmonares em vacas, ovelhas e porcos, problemas imunológicos, falha na produção de leucócitos, defeitos musculares em carneiros.

Os avanços recentes em clonagem reprodutiva permitem quatro conclusões importantes:

  1. a maioria dos clones morre no início da gestação;
  2. os animais clonados têm defeitos e anormalidades semelhantes, independentemente da célula doadora ou da espécie;
  3. essas anormalidades provavelmente ocorrem por falhas na reprogramação do genoma;
  4. a eficiência da clonagem depende do estágio de diferenciação da célula doadora. De fato, a clonagem reprodutiva a partir de células embrionárias tem mostrado uma eficiência de dez a vinte vezes maior, provavelmente porque os genes que são fundamentais no início da embriogênese estão ainda ativos no genoma da célula doadora.

É interessante que, dentre todos os mamíferos que já foram clonados, a eficiência é um pouco maior em bezerros (cerca de 10% a 15%). Por outro lado, um fato intrigante é que ainda não se tem notícias de macaco ou cachorro que tenha sido clonado. Talvez seja por isso que a cientista inglesa Ann McLaren tenha afirmado que as falhas na reprogramação do núcleo somático possam se constituir em uma barreira intransponível para a clonagem humana.

Mesmo assim, pessoas como o médico italiano Antinori ou a seita dos raelianos defendem a clonagem humana, um procedimento que tem sido proibido em todos os países. De fato, um documento assinado em 2003 pelas academias de ciências de 63 países, inclusive o Brasil, pedem o banimento da clonagem reprodutiva humana. O fato é que a simples possibilidade de clonar humanos tem suscitado discussões éticas em todos os segmentos da sociedade, tais como: Por que clonar? Quem deveria ser clonado? Quem iria decidir? Quem será o pai ou a mãe do clone? O que fazer com os clones que nascerem defeituosos?

Na realidade, o maior problema ético atual é o enorme risco biológico associado à clonagem reprodutiva. No meu entender, seria a mesma coisa que discutir os prós e os contras em relação à liberação de uma medicação nova, cujos efeitos são devastadores e ainda totalmente incontroláveis.

Apesar de todos estes argumentos contra a clonagem humana reprodutiva, experiências com animais clonados têm nos ensinado muito acerca do funcionamento celular. Por outro lado, a tecnologia de transferência de núcleo para fins terapêuticos, a chamada clonagem terapêutica, poderá ser extremamente útil para obtenção de células-tronco.

Texto adaptado de Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco". Cienc. Cult., jun. 2004, vol. 56, nº 3, pp. 23-27, ISSN 0009-6725.


Referência:

Como referenciar: "Clonagem Reprodutiva" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2020. Consultado em 17/11/2020 às 16:23. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/biotecnologia2.php



Clonagem terapêutica para obtenção das células-tronco


Se, em vez de inserirmos em um útero o óvulo cujo núcleo foi substituído por um de uma célula somática, deixarmos que ele se divida no laboratório, teremos a possibilidade de usar estas células - que na fase de blastocisto são pluripotentes - para fabricar diferentes tecidos.

Isto abrirá perspectivas fantásticas para futuros tratamentos, porque hoje só se consegue cultivar em laboratório células com as mesmas características do tecido do qual foram retiradas. É importante que as pessoas entendam que, na clonagem para fins terapêuticos, serão gerados só tecidos, em laboratório, sem implantação no útero.

Não se trata de clonar um feto até alguns meses dentro do útero para depois lhe retirar os órgãos como alguns acreditam. Também não há porque chamar esse óvulo de embrião após a transferência de núcleo porque ele nunca terá esse destino.

Uma pesquisa publicada na revista Science por um grupo de cientistas coreanos (Hwang e col., 2004) confirma a possibilidade de obter-se células-tronco pluripotentes a partir da técnica de clonagem terapêutica ou transferência de núcleos. O trabalho foi feito graças a participação de dezesseis mulheres voluntárias que doaram, ao todo, 242 óvulos e células "cumulus" (células que ficam ao redor dos óvulos) para contribuir com pesquisas visando à clonagem terapêutica. As células cumulus, que já são células diferenciadas, foram transferidas para os óvulos dos quais haviam sido retirados os próprios núcleos. Dentre esses, 25% conseguiram se dividir e chegar ao estágio de blastocisto, portanto, capazes de produzir linhagens de células-tronco pluripotentes.

A clonagem terapêutica teria a vantagem de evitar rejeição se o doador fosse a própria pessoa. Seria o caso, por exemplo, de reconstituir a medula em alguém que se tornou paraplégico após um acidente ou para substituir o tecido cardíaco em uma pessoa que sofreu um infarto. Entretanto, esta técnica tem suas limitações. O doador não poderia ser a própria pessoa quando se tratasse de alguém afetado por doença genética, pois a mutação patogênica causadora da doença estaria presente em todas as células. No caso de usar-se linhagens de células-tronco embrionárias de outra pessoa, ter-se-ia também o problema da compatibilidade entre o doador e o receptor. Seria o caso, por exemplo, de alguém afetado por distrofia muscular progressiva, pois haveria necessidade de se substituir seu tecido muscular. Ele não poderia utilizar-se de suas próprias células-tronco, mas de um doador compatível que poderia, eventualmente, ser um parente próximo.

Além disso, não sabemos se, no caso de células obtidas de uma pessoa idosa afetada pelo mal de Alzheimer, por exemplo, se as células clonadas teriam a mesma idade do doador ou se seriam células jovens. Uma outra questão em aberto diz respeito à reprogramação dos genes que poderiam inviabilizar o processo dependendo do tecido ou do órgão a ser substituído.

Em resumo, por mais que sejamos favoráveis à clonagem terapêutica, trata-se de uma tecnologia que necessita de muita pesquisa antes de ser aplicada no tratamento clínico. Por este motivo, a grande esperança, a curto prazo, para terapia celular, vem da utilização de células-tronco de outras fontes.

Referências: HWANG, S. W.; RYU, Y. J.; PARK, J. H.; PARK, E. S.; LEE, E. G.; KOO, J. M. et al. "Evidence of a Plurpotent Embryonic Stem Cell Line Derived from a Cloned Blastocyst". Scienceexpress, 12 fev. 2004.

Texto adaptado de Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco". Cienc. Cult., jun. 2004, vol.56, nº 3, pp. 23-27, ISSN 0009-6725.


Referência:

Como referenciar: "Clonagem Terapêutica" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2020. Consultado em 17/11/2020 às 16:24. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/biotecnologia3.php



Terapia celular com outras fontes de células-tronco


Indivíduos adultos

Existem células-tronco em vários tecidos (como medula óssea, sangue, fígado) de crianças e adultos.

Entretanto, a quantidade é pequena e não sabemos ainda em que tecidos são capazes de se diferenciar. Pesquisas recentes mostraram que células-tronco retiradas da medula de indivíduos com problemas cardíacos foram capazes de reconstituir o músculo do seu coração, o que abre perspectivas fantásticas de tratamento para pessoas com problemas cardíacos.

Mas a maior limitação da técnica, do autotransplante é que ela não serviria para portadores de doenças genéticas. É importante lembrar que as doenças genéticas afetam 3-4% das crianças que nascem. Ou seja, mais de cinco milhões de brasileiros para uma população atual de 170 milhões de pessoas. É verdade que nem todas as doenças genéticas poderiam ser tratadas com células-tronco, mas se pensarmos somente nas doenças neuromusculares degenerativas, que afetam uma em cada mil pessoas, estamos falando de quase duzentas mil pessoas.

Cordão umbilical e placenta

Pesquisas recentes vêm mostrando que o sangue do cordão umbilical e da placenta são ricos em células-tronco. Entretanto, também não sabemos ainda qual é o potencial de diferenciação dessas células em diferentes tecidos. Se as pesquisas com células-tronco de cordão umbilical proporcionarem os resultados esperados, isto é, se forem realmente capazes de regenerar tecidos ou órgãos, esta será certamente uma notícia fantástica, porque não envolveria questões éticas. Teríamos que resolver então o problema de compatibilidade entre as células-tronco do cordão doador e do receptor. Para isto será necessário criar, com a maior urgência, bancos de cordão públicos, à semelhança dos bancos de sangue. Isto porque sabe-se que, quanto maior o número de amostras de cordão em um banco, maior a chance de se encontrar um compatível.

Experiências recentes já demonstraram que o sangue do cordão umbilical é o melhor material para substituir a medula em casos de leucemia. Por isso, a criação de bancos de cordão é uma prioridade que já se justifica somente para o tratamento de doenças sanguíneas, mesmo antes de confirmarmos o resultado de outras pesquisas.

Células embrionárias

Se as células-tronco de cordão tiverem a potencialidade desejada, a alternativa será o uso de células-tronco embrionárias obtidas de embriões não utilizados que são descartados em clínicas de fertilização. Os opositores ao uso de células embrionárias para fins terapêuticos argumentam que isto poderia gerar um comércio de óvulos ou que haveria destruição de "embriões humanos" e não é ético destruir uma vida para salvar outra.

Texto adaptado de Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco". Cienc. Cult., jun. 2004, vol. 56, nº 3, pp. 23-27, ISSN 0009-6725.

Vitória para a Ciência: Aprovada a utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas

O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou dia 29/05/2008 as pesquisas com células-tronco embrionárias no país. O Supremo rejeitou uma ação direta de inconstitucionalidade contra o artigo 5º artigo da Lei de Biossegurança que permite a utilização, em pesquisas, dessas células fertilizadas in vitro e não utilizadas. Segundo a norma, podem ser utilizados apenas os embriões que estejam congelados há três anos ou mais, mediante autorização do casal. O artigo também veta a comercialização do material biológico.


Referência:

Como referenciar: "Células tronco" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2020. Consultado em 17/11/2020 às 16:26. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/biotecnologia4.php



Transgênicos: vilões ou mocinhos?


Melhoramento genético e seleção artificial

Há séculos o homem utiliza a prática de melhoramento genético para aperfeiçoar espécies animais e vegetais de interesse.

Tudo começou quando o homem passou a realizar cruzamentos, seguidos de seleção artificial, das variedades que mais lhe interessavam. Esse procedimento originou inúmeras raças de animais e variedades vegetais que, hoje, fazem parte de nosso dia-a-dia. Cavalos e jumentos são cruzados para produzir híbridos – mulas e burros – utilizados para serviços de tração; o gado leiteiro e o de corte são hoje muito mais produtivos que os de antigamente; plantas como milho, feijão e soja produzem atualmente grãos de excelente valor nutritivo.

Para preservar as qualidades das inúmeras variedades vegetais obtidas em cruzamentos, o homem aprendeu a fazer a propagação vegetativa, processo executado principalmente pelo plantio de pedaços de caule (estaquia) ou de enxertos (enxertia) das plantas de boa qualidade.

Esse tipo de reprodução assexuada forma clones das plantas com melhores características.

Bons exemplos desse processo são a estaquia, atualmente praticada pelo Instituto Florestal de São Paulo, de pedaços de galho de eucalipto na propagação de variedades produtoras de madeira de excelente qualidade para a construção de casas, e a enxertia de inúmeras variedades de laranja, entre elas a laranja-da-baía, também conhecida como laranja-de-umbigo.

Vimos que, desde os tempos antigos, o homem aprendeu, por meio da observação e da experimentação, a praticar o melhoramento de espécies animais e vegetais que apresentam algum interesse econômico, alimentar ou medicinal. Essas bases deram início a uma tecnologia conhecida como biotecnologia, que pode ser definida como um conjunto de técnicas que utilizam organismos vivos ou partes deles para a produção de produtos ou processos para usos específicos. Analisando a definição, podemos pensar que a biotecnologia já é praticada pelo homem a milhares de anos, quando ele aprendeu a utilizar, por exemplo, microorganismos fermentadores para a produção de pães, iogurtes e vinhos.

Depois do conhecimento da estrutura do DNA, na década de 1950, e do entendimento do seu processo de duplicação e da sua participação na produção de proteínas, surgiu uma vertente da biotecnologia conhecida como engenharia genética, que, por meio de técnicas de manipulação do DNA, permite a seleção e modificação de organismos vivos, com a finalidade de obter produtos úteis ao homem e ao meio ambiente.

A manipulação dos genes

Com a elucidação da estrutura da molécula de DNA por Watson e Crick, em 1953, e o reconhecimento de que ela era o principal constituinte dos genes, o grande desafio para os cientistas consistia em fazer uma análise detalhada da sua composição nos diversos seres vivos. Sabia-se, também, que as bases nitrogenadas adenina, timina, citosina e guanina, componentes dos nucleotídeos, guardavam relação com o processo do código genético que comandava a produção de proteínas. Mas, várias dúvidas ainda perturbavam os cientistas: onde começa e onde termina um gene? Qual a sua sequência de nucleotídeos? Quantos genes existem em cada espécie de ser vivo?

A procura por respostas a essas perguntas gerou um intenso trabalho de pesquisa e originou um dos ramos mais promissores e espetaculares da biologia atual: a engenharia genética.

A manipulação dos genes decorrente das pesquisas, conduziu à necessidade de compreender o significado de novos conceitos relacionados a essa área.

Entre esses conceitos estão os de enzima de restrição, sítios alvo, eletroforense em geltecnologia do DNA recombinantetécnica do PCR, biblioteca de DNA, sondas, fingerprint etc.

Uma pergunta que você poderia fazer é: porque devo conhecer todos esses conceitos e qual a utilidade deles para a minha vida? Porque para você ter uma opinião sobre transgênicos, pesquisa de paternidade, produção de medicamentos e vacinas e terapia gênica, deve saber sobre o que está falando. Todos nós esperamos que as pesquisas contribuam para a melhoria do bem estar da humanidade e por isso temos que conhecer a principais técnica utilizadas por ela para poder julgá-las justamente.


Referência:

Como referenciar: "Transgênicos" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2020. Consultado em 17/11/2020 às 16:27. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/transgenicos.php



Transgênicos podem ser benéficos


Os alimentos transgênicos trazem benefícios à saúde humana e ao ambiente. Quem afirma é o biólogo e professor do Departamento de Genética e pesquisador do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Universidade de Campinas (Unicamp), Marcelo Menossi, que participou em Curitiba, do lançamento da revista Nutrição e Saúde.

A publicação vai levar a discussão para outros seis estados. Segundo Menossi, o melhoramento genético já é desenvolvido há muitos anos em todo o mundo e surgiu com o cruzamento de espécies para a obtenção de plantas mais produtivas e resistentes a doenças. O que se faz com os alimentos transgênicos, explica o pesquisador, é manipular o gene de determinadas culturas para se obter resultados parecidos e até melhores que os cruzamentos.

Segundo ele, as afirmações de que os alimentos geneticamente modificados causam danos à saúde não procedem, "pois eles são igualmente seguros como os alimentos convencionais". Ele garantiu que a rejeição na Europa surgiu quando os organismos de segurança daquele país não conseguiam explicar o aparecimento da doença que atingiu os rebanhos, chamada de vaca-louca, e a explosão de casos de HIV/aids. "Mas nos EUA os produtos transgênicos são consumidos desde 1994 e até hoje não há registro de casos de alergia ou qualquer outra doença", afirmou.

Ele disse ainda que setores de peso na comunidade científica, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial da Saúde para a Agricultura e Alimentação (FAO) tem manifestado apoio ao uso racional dos transgênicos. Até mesmo os projetos como o da soja Roundup ready – que é obtida com um gene de bactéria resistente ao herbicida Roundup –, desenvolvida pela multinacional Monsanto, também não apresentaram danos à saúde dos consumidores. "O que existe é uma desinformação à população, e por isso essa resistência", disse.

O pesquisador afirma que os produtos transgênicos podem diminuir impactos negativos no ambiente, principalmente no tocante ao uso de produtos químicos. Na China, citou Menossi, a utilização de algodão resistente reduziu, nos anos de 1999 a 2000, em 125 mil toneladas o uso de inseticidas. Porém o pesquisador alerta que antes de adotar a tecnologia é preciso avaliar o contexto de cada país. "Existem espécies que podem sofrer alterações com o cruzamento, e por isso é importante continuar investindo em pesquisas", finalizou.

ONU respalda uso de transgênicos no combate à fome

A biotecnologia representa grande esperança para agricultores de países em desenvolvimento, mas, até agora, apenas algumas dessas nações estão desfrutando de seus benefícios A análise está no relatório anual da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) da ONU, divulgado nesta segunda-feira. Numa clara defesa da adoção de alimentos transgênicos como uma das formas de combate à fome mundial, a FAO alerta para o fato de que cultivos considerados essenciais sobretudo nos países mais pobres - como mandioca, batata e trigo - vêm sendo negligenciados por cientistas. O documento lembra que o mundo terá 2 bilhões de pessoas a mais para alimentar até 2030 e que a biotecnologia pode ajudar a enfrentar tal desafio.

'Nem o setor público nem o privado investem significativamente em novas tecnologias genéticas para os chamados 'cultivares órfãos', como o sorgo e o painço, essenciais para os povos mais pobres do planeta', afirmou o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf.

'Transgênicos são seguros', diz documento

A posição da FAO vai de encontro às teses mais difundidas, segundo as quais o problema da fome não está relacionado à escassez de alimentos, mas sim à má distribuição. O documento frisa que o grande desafio da biotecnologia é desenvolver técnicas que combinem o aumento da produção, a redução dos custos, a proteção do meio ambiente e, ainda, garantam a segurança alimentar.

Embora o documento sustente que a biotecnologia não se restringe aos transgênicos, o texto cita o que considera organismos geneticamente modificados bem-sucedidos:

'Exemplos são encontrados em variedades de arroz e canola que contêm consideráveis quantidades de betacaroteno. Esse precursor da vitamina A está presente em poucos itens da dieta de muitas pessoas, particularmente nos países em desenvolvimento, onde poderia ajudar a reduzir deficiências crônicas de vitamina A.'

Segundo o texto, a pesquisa agrícola pode tirar pessoas da pobreza, ao aumentar os lucros e reduzir o preço dos alimentos. Dados da FAO revelam que mais de 70% das pessoas mais pobres do mundo vivem em áreas rurais e dependem diretamente da agricultura para sua sobrevivência. O relatório foi divulgado menos de uma semana depois de a Monsanto ter desistido do lançamento de um trigo transgênico, sob a alegação de que não havia aceitação por parte dos consumidores.

Mas o documento da FAO sustenta que, embora muitos europeus se oponham aos organismos geneticamente modificados, o mesmo não corre entre os consumidores dos países em desenvolvimento.Embora frise que pouco se conhece sobre os efeitos a longo-prazo da ingestão de transgênicos, o texto sustenta que 'os cientistas em geral concordam que os atuais cultivos transgênicos e os alimentos derivados deles são seguros para comer'.

Vantagens e perigos

Benefícios potenciais dos transgênicos

O aumento da produtividade é um dos maiores benefícios já constatados dos transgênicos. Cultivos modificados geneticamente para serem resistentes a herbicidas e pragas já estão sendo plantados em diversos países.

A redução do impacto ambiental de plantios que demandam menos agrotóxicos também é apontada como uma grande vantagem, bem como a adaptação de cultivos a diferentes condições ambientais.Para os especialistas, um dos maiores benefícios dos transgênicos seria o aumento dos valores nutricionais de diversos alimentos, caso do arroz enriquecido com vitamina A.

Riscos em potencial

O controle dos cultivos transgênicos ainda não é totalmente eficiente, segundo a ONU. Um milho geneticamente modificado destinado a consumo animal, por exemplo, foi encontrado em alimentos para humanos em 2000.  A transferência de substâncias passíveis de causar alergias em humanos é outra preocupação dos cientistas.

Plantas geneticamente modificadas podem ter efeitos não desejados também para o produtor, como retirar mais recursos do solo do que o normal ou demandar mais água. Teme-se ainda que organismos transgênicos possam levar à redução de populações naturais, causando desequilíbrio.

Vegetais com ômega 3 e 6

Cientistas da Universidade de Bristol, Grã-Bretanha, desenvolveram planta transgênica capaz de produzir os óleos ômega 3 e 6, considerados benéficos ao coração e normalmente encontrados apenas em peixes de águas mais frias, como o salmão e o atum.

Para os pesquisadores, o estudo pode levar a uma nova geração de alimentos especialmente criados para reduzir o risco de doenças cardíacas, entre outros problemas de saúde.  O estudo, publicado na 'Nature Biotechnology', lembra ainda que, com a redução dos estoques naturais de peixes, a produção desses óleos em outros organismos pode ser essencial para a alimentação humana. Segundo os cientistas, os genes utilizados para induzir a produção dos óleos podem, em tese, ser usados em diversos vegetais, normalmente consumidos pelo homem.

(O Globo, 18/5/2004)


Referência:

Como referenciar: "Transgênicos podem ser benéficos" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2020. Consultado em 17/11/2020 às 16:29. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/transgenicos2.php



Exercícios de Fixação

1- As células-tronco atualmente são conhecidas pelo seu potencial de tratar algumas doenças e pela esperança de que possam tratar outras. Cerca de 100 diferentes doenças relacionadas com o sangue, por exemplo, são tratadas pelo uso dessas células. Analise as alternativas a seguir e marque aquela que indica a característica presente nas células-tronco que ajuda no tratamento de tantas enfermidades.

a) As células-tronco apresentam capacidade de multiplicação e diferenciação e substitui células doentes por células saudáveis.

b) As células-tronco apresentam capacidade de aumentar de tamanho, ocupando o local das células doentes.

c) As células-tronco apresentam capacidade de modificar o genótipo de células doentes.

d) As células-tronco apresentam capacidade de destruir células doentes pelo processo de fagocitose.

e) As células-tronco apresentam capacidade de causar a desdiferenciação dos tipos celulares doentes.


2- As células-tronco possuem alto poder de diferenciação. Alguns tipos de células-tronco, no entanto, apresentam potencial reduzido quando comparados com outros tipos dessas células. A célula-tronco capaz de se diferenciar em qualquer tipo celular, incluindo tecidos embrionários e extraembrionários, é a

a) totipotente.

b) pluripotente.

c) pluripotente induzida.

d) multipotente.

e) megapotente.


3- As células-tronco são muito utilizadas em tratamentos de leucemia, em que o paciente recebe quimioterapia para que as células de sua medula óssea sejam destruídas e posteriormente recebe o transplante de células-tronco. Essas células-tronco são obtidas por meio de doação, que geralmente é de um irmão ou outro parente próximo. Nesse caso, são utilizadas células-tronco adultas, as quais se diferenciam das embrionárias por

a) apresentarem maior capacidade de diferenciação.

b) já terem sofrido o processo de diferenciação.

c) não possuírem capacidade de multiplicação.

d) apresentarem menor capacidade de diferenciação.

e) apresentarem capacidade de produzir tecidos extraembrionários.


4- (ENEM) A utilização de células-tronco do próprio indivíduo (autotransplante) tem apresentado sucesso como terapia medicinal para a regeneração de tecidos e órgãos cujas células perdidas não têm capacidade de reprodução, principalmente em substituição aos transplantes, que causam muitos problemas devidos à rejeição pelos receptores. O autotransplante pode causar menos problemas de rejeição quando comparado aos transplantes tradicionais, realizados entre diferentes indivíduos. Isso porque as

a) células-tronco se mantêm indiferenciadas após sua introdução no organismo do receptor.

b) células provenientes de transplantes entre diferentes indivíduos envelhecem e morrem rapidamente.

c) células-tronco, por serem doadas pelo próprio indivíduo receptor, apresentam material genético semelhante.

d) células transplantadas entre diferentes indivíduos se diferenciam em tecidos tumorais no receptor.

e) células provenientes de transplantes convencionais não se reproduzem dentro do corpo do receptor.


5- (UEL-2003) As filas de espera para transplantes aumentam a cada dia que passa. Centros de pesquisa em todo o mundo preparam alternativas ao tradicional transplante de órgãos doados de pessoas clinicamente mortas. Alguns laboratórios estão pesquisando a utilização de órgãos formados a partir de células indiferenciadas, denominadas células-tronco. Para a obtenção dessas células, é preciso extraí-las de embriões na fase de:

a) Gástrula

b) Processo notocordal

c) Nêurula

d) Mórula

e) Formação de saco vitelínico


6-  (FUVEST) Enzimas de restrição são fundamentais à Engenharia Genética porque permitem:

a) a passagem de DNA através da membrana celular;
b) inibir a síntese de RNA a partir de DNA;
c) inibir a síntese de DNA a partir de RNA;
d) cortar DNA onde ocorrem sequências específicas de bases;
e) modificar sequências de bases do DNA.


7- (FATEC) A Engenharia Genética consiste numa técnica de manipular genes, que permite, entre outras coisas, a fabricação de produtos farmacêuticos em bactérias transformadas pela tecnologia do DNA recombinante. Assim, já é possível introduzir em bactérias o gene humano que codifica insulina, as quais passam a fabricar sistematicamente essa substância. Isto só é possível porque:

a) o cromossomo bacteriano é totalmente substituído pelo DNA recombinante;

b) as bactérias são seres eucariontes;

c) os ribossomos bacterianos podem incorporar o gene humano que codifica insulina, passando-o para as futuras linhagens;

d) as bactérias possuem pequenas moléculas de DNA circulares (plasmídeos), nas quais podem ser incorporados genes estranhos a elas, experimentalmente;
e) as bactérias são seres muito simples, constituídos por um único tipo de ácido nucléico (DNA).


8- (MACKENZIE) Atualmente deixou de ser novidade a criação de plantas transgênicas, capazes de produzir hemoglobina. Para que isso seja possível, essas plantas recebem:

a) o fragmento de DNA, cuja sequência de nucleotídeos determina a sequência de aminoácidos da hemoglobina;
b) o RNAm que carrega os aminoácidos usados na síntese de hemoglobina;
c) somente os aminoácidos usados nessa proteína;
d) os anticódons que determinam a sequência de aminoácidos nessa proteína;
e) os ribossomos utilizados na produção dessa proteína.


9- A clonagem molecular é:

a) a técnica que emprega bactérias como multiplicadores de um fragmento de DNA;
b) o mecanismo para se obter resistência a antibióticos;
c) a fabricação de produtos farmacêuticos;
d) o processo utilizado para cortar o DNA;
e) a enzima utilizada na Geneterapia.


10- Os avanços de Engenharia Genética permitem que um ser vivo forneça genes a outro de espécie diferente, semalterar as principais características que os diferenciam. O seu que recebe o gene é denominado:

a) clone
b) parasitado
c) mutante
d) transgênico
e) mutagênico


 3º Ano A e 3° Ano B - Biologia  - Profa Solange

Período para entrega: Até 25/11/2020

Unidade Temática: Origem e Evolução da Vida- Evolução Biológica e Cultural


Instruções: 

1- Assistir a Vídeo Aula - O Buraco Branco no Tempo - Peter Russel (Link disponibilizado abaixo e extraído do Caderno do Aluno - Volume 4) 

2- Fazer a Leitura e Interpretação dos Textos. 

3- Responder o exercício de Fixação.

4- Postar no Blogger e enviar para o e-mail da professora: solangestandbyme@gmail.com 


https://youtu.be/KSeLYr7FerY


Revisão dos conteúdos sobre A Origem da Vida- Para relembrar: 


Origens da humanidade, Criacionismo

Você já deve ter tido a curiosidade de saber como surgiu a espécie humana no planeta em que vivemos, não é mesmo? Essa curiosidade não é só sua. Muitos pesquisadores e cientistas têm estudado para descobrir como se deu a origem do ser humano na Terra.

Quanto mais a ciência se desenvolve, mais avançados são os recursos científicos que esses pesquisadores podem utilizar. Eles são capazes de encontrar novas possibilidades para explicar a origem humana. Assim, como um quebra-cabeça, cada nova descoberta vai completando o nosso conhecimento sobre o tema.

Entre as diversas explicações para o aparecimento do ser humano na Terra, duas se destacam pelo amplo debate que provocaram: o criacionismo, defendido por judeus e cristãos, e a teoria da evolução


A criação

Durante muito tempo, os sábios idealistas sustentaram a teoria do limite intransponível entre o homem e os animais. Essa concepção se baseava no mito bíblico da criação do homem por Deus, que o teria feito "à sua imagem e semelhança".

A questão sobre as origens do homem remete um amplo debate, no qual filosofia, religião e ciência entram em cena para construir diferentes concepções sobre a existência da vida humana e, implicitamente, por que somos o único espécime dotado de características que nos diferenciam do restante dos animais.

Desde as primeiras manifestações mítico-religiosas, o homem busca resposta para essa questão. Neste âmbito, a teoria criacionista é a que tem maior aceitação. Ao mesmo tempo, ao contrário do que muitos pensam, as diferentes religiões do mundo elaboraram uma versão própria da teoria criacionista.

A mitologia grega atribui a origem do homem ao feito dos titãs Epimeteu e Prometeu. Epimeteu teria criado os homens sem vida, imperfeitos e feitos a partir de um molde de barro. Por compaixão, seu irmão Prometeu resolveu roubar o fogo do deus Vulcano para dar vida à raça humana. Já a mitologia chinesa, atribui a criação da raça humana à solidão da deusa Nu Wa, que ao perceber sua sombra sob as ondas de um rio, resolveu criar seres à sua semelhança.

O cristianismo adota a Bíblia como fonte explicativa sobre a criação do homem. Segundo a narrativa bíblica, o homem foi concebido depois que Deus criou céus e terra. Também feito a partir do barro, o homem teria ganhado vida quando Deus assoprou o fôlego da vida em suas narinas. Outras religiões contemporâneas e antigas formulam outras explicações, sendo que algumas chegam a ter pontos de explicação bastante semelhantes.


Pintura feita por Michelangelo no teto da Capela Sistina, no Palácio do Vaticano, em 1510, que representa a criação do homem por Deus, à sua imagem e semelhança.


Referência: 

Como referenciar: "Origens da humanidade, Criacionismo" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2020. Consultado em 17/11/2020 às 14:22. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/ef2/evolucao/p3.php



Evolução humana

Em oposição ao criacionismo, a teoria evolucionista parte do princípio de que o homem é o resultado de um lento processo de alterações (mudanças). Esta é a ideia central da evolução: os seres vivos (vegetais e animais, incluindo os seres humanos) se originaram de seres mais simples, que foram se modificando ao longo do tempo.

Essa teoria, formulada na segunda metade do século XIX pelo cientista inglês Charles Darwin, tem sido aperfeiçoada pelos pesquisadores e hoje é aceita pela maioria dos cientistas.

Após abandonar seus estudos em medicina, Charles Darwin (1809 – 1882) decidiu dedicar-se às pesquisas sobre a natureza. Em 1831 foi convidado a participar, como naturalista, de uma expedição de cinco anos ao redor do mundo organizada pela Marinha britânica.

Em 1836, de volta  à Inglaterra, trazia na bagagem milhares de espécimes animais e vegetais coletados em todos os continentes, além de uma enorme quantidade de anotações. Após vinte anos de pesquisas baseadas nesse material, saiu sua obra prima: A Origem das Espécies através da seleção natural, livro publicado em 1859.

A grande contribuição de Darwin para a teoria da evolução foi a ideia da seleção natural. Ele observou que os seres vivos sofrem modificações que podem ser passadas para as gerações seguintes.

No caso das girafas, ele imaginou que, antigamente, haveria animais de pescoço curto e pescoço longo. Com a oferta mais abundante de alimentos no alto das árvores, as girafas de pescoço longo tinham mais chance de sobreviver, de se reproduzir e assim transmitir essa característica favorável aos descendentes. A seleção natural nada mais é, portanto, do que o resultado da transmissão hereditária dos caracteres que melhor adaptam uma espécie ao meio ambiente. [...]

A ideia seleção natural não encontrou muita resistência, pois explicava a extinção de animais como os dinossauros, dos quais já haviam sido encontrados muitos vestígios. O que causou grande indignação, tanto nos meios religiosos quanto nos científicos, foi a afirmação de que o ser humano e o macaco teriam um parente em comum, que vivera há milhões de anos. Logo, porém surgiria a comprovação dessa teoria, à medida que os pesquisadores  descobriam esqueletos com características intermediárias entre os humanos e os símios.



Referência: 

Como referenciar: "Evolução humana" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2020. Consultado em 17/11/2020 às 14:23. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/ef2/evolucao/index.php



Etapas da evolução humana

Primatas: Os mais antigos viveram há cerca de 70 milhões de anos. Esses mamíferos de pequeno porte habitavam as árvores das florestas e alimentavam-se de olhas e insetos.

Hominoides: São primatas que viveram entre aproximadamente 22 e 14 milhões de anos atrás. O procônsul, que tinha o tamanho de um pequeno gorila, habitava em árvores, mas também descia ao solo; era quadrúpede, isto é, locomovia-se sobre as quatro patas. Descendente do procônsul, o kenyapiteco às vezes endireitava o corpo e se locomovia sobre as patas traseiras.

Hominídeos: Família que inclui o gênero australopiteco e também o gênero humano. O australopiteco afarense, que viveu há cerca de 3 milhões de anos, era um pouco mais alto que o chimpanzé. Já caminhava sobre os dois pés e usava longos braços se pendurar nas  árvores. Mais alto e pesado, o australopiteco africano viveu entre 3 milhões e 1 milhão de anos. Andava ereto e usava as mãos para coletar frutos e atirar pedras para abater animais.

Homo habilis: Primeiro hominídeo do gênero Homo. Viveu por volta de 2,2 milhões a 780 mil anos atrás. Fabricava instrumentos simples de pedra, construía cabanas e, provável,ente, desenvolveu, uma linguagem rudimentar. Seus vestígios só foram encontrados na África.

Homo erectus: Descendeu do Homo habilis, viveu entre 1,8 milhões de anos e 300 mil anos atrás. Saiu da África, alcançando a Europa, a Ásia e a Oceania. Fabricava instrumentos de pedra mais complexos e cobria o corpo com  peles de animais. Vivia em grupos de vinte a trinta membros e utilizava uma linguagem mais sofisticada. Foi o descobridor do fogo.

Homem de Neandertal: Provável descendente do Homo erectus, viveu há cerca de 200 mil a 30 mil anos. Habilidoso, criou muitas ferramentas e fabricava armas e abrigos com ossos de animais. Enterrava os mortos nas cavernas, com flores e objetos. Conviveu com os primeiros homens modernos e desapareceu por motivos até hoje desconhecidos.

Homo sapiens:  Descendente do Homo erectus, surgiu entre 100 mil e 50 mil anos atrás. Trata-se do homem moderno. Espalhou-se por toda a Terra, deixando variados instrumentos de pedra, osso e marfim. Desenvolveu a pintura e a escultura.

É preciso lembrar, porém, que essa listagem não está completa. Ela apenas resume o que foi possível concluir a partir dos fósseis estudados até hoje.

Ainda faltam muitas peças no quebra cabeça  da evolução humana, por exemplo, o tão procurado "elo perdido", aquele espécime com características de primatas e de humanos, que explicaria um importante passo da humanidade em sua fascinante aventura sobre a Terra.


Referência:

Como referenciar: "Etapas da evolução humana" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2020. Consultado em 17/11/2020 às 14:25. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/ef2/evolucao/p2.php



Nova espécie do gênero humano é descoberta na África do Sul


Pesquisadores encontraram ossos de pelo menos 15 hominídeos. Ela foi batizada de 'Homo naledi' e classificada dentro do gênero Homo.


Um grupo de pesquisadores apresentou no dia 10 de setembro de 2015 na África do Sul os remanescentes fósseis de um primata que podem ser de uma espécie do gênero humano desconhecida até agora.

A criatura foi encontrada na caverna conhecida como Rising Star (estrela ascendente), 50 km a nordeste de Johanesburgo, onde foram exumados os ossos de 15 hominídeos. O primata foi batizado de Homo naledi. Em língua sotho, "naledi" significa estrela, e Homo é o mesmo gênero ao qual pertencem os humanos modernos.


Reconstrução mostra como seria o rosto do 'Homo Naledi', como foi batizada a nova espécie identificada a partir de ossos encontrados na África do Sul

Os fósseis foram encontrados em uma área profunda e de difícil acesso da caverna, na área arqueológica conhecida como "Berço da Humanidade", considerada patrimônio mundial pela Unesco. Por se situar num depósito sedimentar onde as camadas geológicas se misturam de maneira complexa, os cientistas ainda não conseguiram datar o primata descoberto, que poderia ter qualquer coisa entre 100 mil e 4 milhões de anos.

"Estou feliz de apresentar uma nova espécie do ancestral humano", declarou Lee Berger, pesquisador da Universidade Witwatersrand de Johannesburgo, numa entrevista coletiva em Moropeng, onde fica o "Berço da Humanidade".

O professor Lee Berger segura a réplica de um crânio do ‘Homo naledi’, nova espécie de hominídeo descoberta na África do Sul

"Alguns aspectos do Homo naledi, como suas mãos, seus punhos e seus pés, estão muito próximos aos do homem moderno. Ao mesmo tempo, seu pequeno cérebro e a forma da parte superior de seu corpo são mais próximos aos de um grupo pré-humano chamado australopithecus"

Chris Stringer,
Museu de História Natural de Londres

Em 2013 e 2014, os cientistas encontraram mais de 1.550 ossos que pertenceram a, pelo menos, 15 indivíduos, incluindo bebês, adultos jovens e pessoas mais velhas. Todos apresentavam uma morfologia homogênea e pertenciam a uma "nova espécie do gênero humano que era desconhecida até então".

O Museu de História Natural de Londres classificou a descoberta como extraordinária.

"Alguns aspectos do Homo naledi, como suas mãos, seus punhos e seus pés, estão muito próximos aos do homem moderno. Ao mesmo tempo, seu pequeno cérebro e a forma da parte superior de seu corpo são mais próximos aos de um grupo pré-humano chamado australopithecus", disse Chris Stringer, pesquisador do Museu de História Natural de Londres, autor de um artigo sobre o tema que acompanhou o estudo de Berger, publicado no periódico científico eLife.

A descoberta pode permitir uma compreensão melhor sobre a transição, há milhões de anos, entre o australopiteco primitivo e o primata do gênero homo, nosso ancestral direto.

Se for muito antiga, com mais de 3 milhões de anos, a espécie teria convivido com os australopitecos, anteriores ao gênero homo. Se for mais recente, com menos de 1 milhão de anos, é possível que tenha coexistido com os neandertais -- primos mais próximos do Homo sapiens -- ou até mesmo com humanos modernos.

Os trabalhos que levaram à descoberta foram patrocinados pela National Geographic Society, dos EUA, e pela Fundação Nacional de Pesquisa da África do Sul.


Foto da revista National Geographic mostra ossos recolhidos por pesquisadores na África do Sul que foram identificados como sendo de uma nova espécie do gênero humano

(http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/antiga-especie-do-genero-humano-e-descoberta-na-africa-do-sul.htmll)


Referência:

 Como referenciar: "Nova espécie do gênero humano é descoberta na África do Sul" em Só Biologia. Virtuous ]Tecnologia da Informação, 2008-2020. Consultado em 17/11/2020 às 15:14. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/noticias/noticia73.php



DOR, SENCIÊNCIA E BEM-ESTAR EM ANIMAIS 

Senciência e Dor 

Stelio Pacca Loureiro LUNA1 

RESUMO - Senciência é a capacidade de sentir, que engloba pelo menos todos os animais vertebrados. Neste contexto a dor é um mecanismo de defesa, que quando não tratada pode desencadear hiperalgesia e sofrimento permanente. Para tal é importante o reconhecimento e tratamento adequado da mesma em animais. De forma geral os estímulos que causam dor nas diferentes espécies de animais são similares e os animais de produção são os que mais sofrem dor, relacionada ao manejo para produção e aos procedimentos cruentos, muitas vezes questionáveis da real necessidade. Há uma negligência tanto para prevenção como para o tratamento da dor em animais. O avanço da ciência do bem-estar animal aguçou o senso crítico da necessidade de prevenção e tratamento da dor em animais, adicionado ao olhar atento do consumidor, às boas práticas de produção e a preservação ambiental. Desta forma, o bem-estar animal agrega valor ao produto e pode favorecer a produtividade. É dever do ser humano prover condições para que os animais não sejam submetidos a procedimentos dolorosos sem a devida anestesia e analgesia e repensar o uso de práticas que causam dor e sofrimento em animais de produção. 

Termos de indexação: dor, senciência, sofrimento animal. 


PAIN, SENTIENCE AND ANIMAL WELFARE 

Sentience and pain 

ABSTRACT - Sentience is the ability to feel, which is observed in at least all vertebrate animals. In this context, pain is a defense mechanism. Hyperalgesia and permanent suffering may develop if pain is not treated. According to that it is important to recognize and treat pain in animals. In general, the stimuli that produce pain are similar among animal species. The animals used for food production are the ones that have the most suffering during the management for production. Most of these procedures are questionable if they are really necessary. Both prevention and treatment of pain in animals are neglected. The development of the animal welfare science improved the critical senses for the necessity of prevention and treatment of pain in animals. The consumer attention, the good animal production practices and the environmental preservation also increased the demand for the welfare of animals. The animal welfare aggregates value to the product and may improve productivity. It is a human obligation to provide conditions to animals to be submitted to pain procedures with the adequate anesthesia and analgesia. It is also necessary to reevaluate the practices that produce animal suffering. Index terms: animal suffering, pain, sentience. 

 1 Médico Veterinário, Professor Adjunto do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinaria, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Unesp, Campus de Botucatu, São Paulo, 18607350; email: stelio@fmvz.unesp.br

Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 11, suplemento 1, p. 17-21 - abril, 2008


S.P.L.LUNA 

Dor e senciência 

Senciência, palavra originada do latim sentire, que significa sentir, é a "capacidade de sofrer ou sentir prazer ou felicidade" (SINGER, 2002). De forma sintética é a capacidade de sentir, estar consciente de si próprio ou apenas do ambiente que o cerca. Não cabe aqui estabelecer uma discussão filosófica do termo senciência, mas sim das implicações práticas relacionadas ao fato inquestionável cientificamente de que pelo menos os animais vertebrados sofrem e são serem sencientes. A evidência de que os animais sentem dor se confirma pelo fato que estes evitam ou tentar escapar de um estímulo doloroso e quando apresentam limitação de capacidade física pela presença de dor, está é eliminada ou melhorada com o uso de analgésicos. Para muitos filósofos, a senciência fornece ao animal um valor moral intrínseco, dado que há interesses que emanam destes sentimentos. Estas evidências estão bem documentadas por estudos comportamentais, pela similaridade anatomo-fisiológica em relação ao ser humano e pela teoria da evolução (LUNA 2006). 

A dor faz parte do cotidiano de qualquer ser vivo e é condição fundamental para sobrevivência. É uma qualidade sensorial de alerta para que os indivíduos percebam a ocorrência de dano tecidual e que estabeleçam mecanismos de defesa ou de fuga (TEIXEIRA, 1995). Esta é a dor é conhecida como fisiológica e tem função protetora (WOOLF, 1991; GOZZANI, 1997). Por outro lado, quando a dor fisiológica não é tratada adequadamente após o dano tecidual, pode ocorre a persistência do fenômeno, ativação de vias não envolvidas na mediação da dor em condições normais e que passam a contribuir para a nocicepção, fenômeno conhecido como alodinia, adicionado da redução do limiar de sensibilidade dos nociceceptores, fenômeno conhecido como hiperalgesia. Nestas situações a dor passa de sintoma de uma possível lesão tecidual à própria doença. Casos de hipersensibilidade periférica e central tornam a dor autopersistente, muitas vezes por toda a vida do animal. Neste caso a dor é denominada de patológica ou clínica e pode ser torna crônica e neuropática. Está bem documentado que a melhor forma de controlar a dor é prevení-la, para evitar a sensibilização periférica e central do sistema nervoso, esta última muitas vezes é irreversível, dada à dificuldade de tratamento (LUNA 2006). 


Avaliação da dor em animais 

A complexidade da dor ultrapassa a fronteira física e é influenciada pelo meio ambiente e pela resposta psíquica do animal. Desta forma é considerada como um fenômeno biopsico-social, que envolve os aspectos biológico, psíquico e social do indivíduo. Relaciona-se ao ambiente que o animal vive e às condições de tratamento do mesmo. O ponto crítico é como avaliar a dor em animais. Apesar do antropormofismo não ser a melhor forma de lidar com a questão, dada às grandes diferenças existentes não só entre a espécie humana e os animais, bem como entre as diferentes espécies de animais, o principio de analogia é um bom guia para reconhecer a dor em animais. De forma geral os estímulos que causam dor nas diferentes espécies de animais são muito similares, havendo uma similaridade de limiar de dor para estímulos, mecânicos, térmicos ou químicos. A variação entre as espécies não ocorre pela sensação em si, mas sim pela forma de manifestação comportamental reativa frente ao estímulo doloroso (LUNA 2006). 

Dentre os animais domésticos, os animais de produção são os que mais sofrem dor, tanto pelo fato de que raramente recebem profilaxia ou tratamento analgésico em condições clínicas, como pelo fato que são submetidos a diversos procedimentos cruentos com a finalidade de aumentar a capacidade produtiva ou corrigir problemas relacionados com a produção. Estes procedimentos são muitas vezes questionáveis da real necessidade e são realizados na maioria das vezes sem a devida anestesia ou analgesia. Dentre as causas principais de dor e sofrimento em animais de produção têm-se a marcação à quente ou frio, orquiectomia, descorna, mastite e laminite em ruminantes, a muda forçada, a debicagem e a doença degenerativa articular em aves domésticas e a caudectomia, orquiectomia e o corte de dentes em suínos. Adicionalmente o próprio manejo dos animais pode desencadear um estímulo nocivo, como em casos de traumas durante o transporte e a falta de espaço pelo confinamento, neste caso principalmente em aves de postura e de corte e em criações intensivas de suínos e “baby beef”. As práticas de esporte, como em rodeios, também podem desencadear dor (PRADA et al 2002). 


Atitudes dos seres humanos quanto ao tratamento da dor em animais 

Há negligencia tanto para prevenção como para o tratamento da dor no homem e em animais. Ainda permanecem resquícios do pensamento filosófico de René Descartes do século XVII, que propôs que os animais apresentavam uma fisiologia diferente do homem e que a reação dos mesmos a um estímulo doloroso seria apenas mecânica, por um reflexo de proteção sem consciência da dor. Graças a teoria da evolução de Charles Darwin no século XX, o homem descende dos animais e suas sensações são muito próximas, dado que a anatomia, a fisiologia, as respostas farmacológicas, as reações frentes à um estímulo nocivo e o comportamento de esquiva frente a uma experiência dolorosa são similares. O “colocar-se no lugar do animal” é uma boa forma de avaliar o sofrimento alheio. O próprio Charles Darwin enunciou que “não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais... os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento”. 

Com o avanço da ciência do bem-estar animal, tem-se aguçado o senso crítico da necessidade de prevenção e tratamento da dor em animais. Adicionalmente o consumidor está atento para o alimento que respeite as boas práticas e a preservação ambiental. Desta forma, o bem-estar animal tem passado de um empecilho às práticas de produção, a um aliado importante para viabilidade financeira do agronegócio, agregando valor ao produto. Algumas práticas realizadas em animais de produção têm sido questionadas. A preocupação com o bem-estar animal e o controle da dor nestas espécies pode ser vantajosa para a própria produtividade. Por exemplo, observou-se maior ganho de peso em leitões castrados sob efeito de anestesia local na semana após a cirurgia, em relação àqueles não anestesiados, superando inclusive os gastos com o procedimento anestésico, o que demonstra a vantagem e a viabilidade econômica de se evitar o sofrimento desnecessário de animais (LUNA, 2006). Cães submetidos à cirurgia ortopédica apresentaram melhor recuperação do ponto de vista cirúrgico, em termos de melhor cicatrização, consolidação da fratura mais rápida e menor edema, infecção e migração de pino, quando tratados com analgésicos antiinflamatórios, do que os não tratados (CRUZ et al 2000), o que contradiz o argumento de que o tratamento da dor em animais submetidos a procedimentos ortopédicos deve ser limitado dado à possibilidade do animal “forçar” o membro e interferir na recuperação da cirurgia. Desta forma, vários estudos corroboram a necessidade de prevenir e tratar a dor em animais. 

Para a prevenção e o tratamento da dor em animais é necessário reconhecê-la. Esta avaliação, da mesma forma que em neonatos humanos, é difícil em animais, pela dificuldade de interpretar o comportamento aversivo. Várias escalas têm sido introduzidas na prática clínica de pequenos animais (HOLTON et al 2001), entretanto esta abordagem é quase inexistente em animais de produção e silvestres (PRICE et al 2003). 


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A dor incapacita para a vida e ao considerar que os animais estão sob nossa responsabilidade, é dever do ser humano e particularmente do médico veterinário, prover condições para que os animais não sejam submetidos a procedimentos dolorosos sem a devida anestesia e analgesia. Em casos de animais de produção deve-se repensar o uso de práticas que causam dor e sofrimento animal, pois ao considerar que os animais são criados para o nosso benefício, o mínimo que pode ser feito é tratálos de uma forma digna e com respeito pela qualidade de vida. Práticas como a debicagem em aves de postura, caudectomia e corte de dentes em leitões, castração, desvio lateral de pênis para produção de rufiões e descorna em ruminantes, bem como outras práticas de manejo que causam dor e sofrimento intensos, tal como a marcação a fogo, deveriam ser reavaliadas quanto à necessidade e a forma de realização. O custo do sofrimento animal deve ser levado em consideração, já que a emoção e/ou inteligência animal pode ser questionada, mas é inquestionável que os animais podem sofrer. 



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

SINGER, P. Vida Ética. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. 420p. 

CRUZ, M.L., LUNA, S.P.L., SILVA JUNIOR, J.R., IAMAGUTE, P., CROCCI, A., TAKAHIRA, R.K. Efeitos do flunixin, ketoprofeno, carprofeno, brupenorfina e placebo para analgesia pós-operatória em cães submetidos à osteossíntese de fêmur. Hora Veterinária, v. 114, p. 19-25, 2000.

 PRADA, I.L.S., MASSONE, F., CAIS, A., COSTA, P.E.M.,

SENEDA, M.M. Bases metodológicas e neurofuncionais da avaliação de ocorrência de dor/sofrimento em animais. Revista de Educação Continuada do CRMV-SP, v. 5, p. 1-13, 2002. 

HOLTON, L., REID J, SCOTT EM, PAWSON P, NOLAN A. Development of a behavior-based scale to measure acute pain in dogs. Veterinary Record, v. 148, p. 525-531, 2001. 

PRICE, J., CATRIONA, S., WELSH, E.M., WARAN, N.K. Preliminary evaluation of a behavior-based system for assessment of postoperative analgesia in horses following arthroscopy surgery. Veteterinary Anaesthesia and Analgesia, v. 30, p. 124-137, 2003. 

WOOLF, C.J., CHONG, M. Preemptive analgesia – treating postoperative pain by preventing the establishment of central sensitization. Anesthesia and Analgesia, v.77, p.362-379, 1993.

 TEIXEIRA, M.J. Fisiopatologia da dor. Red. Med., v.73, n.2, p.55-64, 1995. 

GOZZANI, J.L. Analgesia pósoperatória. In: MANICA, J.T. et al. Anestesiologia: princípios e técnicas. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p.763–769. 

LUNA, S.P.L. Dor e sofrimento animal. In: RIVERA, E.A.B.; AMARAL, M.H.; NASCIMENTO, V.P. Ética e Bioética. Goiânia, 2006. p. 131-158. 



Exercícios de Fixação


1) Verdadeiro ou falso?


( ) As estruturas análogas são encontradas em espécies diferentes e que desempenham a mesma função, porém, não tem a mesma origem.


2) Verdadeiro ou falso?


( ) O design inteligente é uma ideia defendida por criacionistas e supõe que a evolução dos seres vivos ocorra através da interferência de uma divindade, que molda as características dos organismos.


3) Verdadeiro ou falso?


( ) Os órgãos vestigiais são estruturas do corpo funcionais e que desempenham função definida.


4) Verdadeiro ou falso?


( ) A hipótese da abiogênese é também chamada de BIG BANG.


5) Verdadeiro ou falso?


( ) O BIG BANG supõe que há cerca de 10 a 20 bilhões de anos houve uma grande explosão que formou as galáxias, o Sol, e através do Sol inúmeros planetas, entre eles a Terra.


6) Verdadeiro ou falso?


( ) Os fósseis podem ser apenas partes de organismos, como os ossos, dentes e conchas ou somente as impressões dos organismos, como pegadas de animais, impressões de folhas e penas.


7) Verdadeiro ou falso?


( ) O filósofo Aristóteles acreditava que a luz do Sol, o lodo e o material em decomposição possuíam forças vitais, o que seria suficiente para gerar vida.


8) Verdadeiro ou falso?


( ) Na hipótese de Darwin a Terra era formada por gases e compostos orgânicos que sofriam diversas reações químicas, formando uma sopa nutritiva da qual a primeira célula viva surgiu.


9) Verdadeiro ou falso?


( ) As ideias evolucionistas começaram a ser aceitas após os trabalhos de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace.


10) Verdadeiro ou falso?


( ) Os fósseis são estruturas vivas de organismos que possuem dados moleculares destes.