sexta-feira, 17 de julho de 2020

ELETIVA DE TEATRO - ATIVIDADE 10

ELETIVA DE TEATRO - PROFESSORA REBECA RIGHETTI RAMOS - 10

Caras e caros alunos,

Vocês sabem como tem sido o Teatro no Brasil a partir do século XX? (PARTE 1)

O Teatro no Brasil a partir do século XX desenvolveu-se enquanto atividade profissional, ganhando cada vez mais público, pensadores, estilos e trabalhadores da arte e da cultura. Nesta aula, apresenta-se alguns dos principais movimentos, nomes e companhias teatrais dos últimos cem anos.

TEATRO DE REVISTA
Entre o final do século XIX e começo do século XX, ganhou uma versão brasileira o chamado “Teatro de Revista”. Esta vertente teatral consistiu em um modo cômico de fazer teatro no Brasil, juntando ironia e duplo sentido para reproduzir e espalhar costumes típicos de sua época. Também eram utilizadas danças e música nas apresentações. A maneira mais satírica e crítica desta vertente chamou-se de burleta.
Um dos maiores autores do Teatro de Revista foi Arthur Azevedo, tendo também bastante importância as pioneiras companhias de Walter Pinto e Carlos Machado. O Teatro de Revista revelou importantes estrelas, como Carmen Miranda, a qual ganhou o mundo atuando em musicais da Broadway e em filmes de Hollywood, a partir da década de 1930. Posteriormente, as Vedetes também brilharam através do Teatro de Revista.

Carmen Miranda em “Chica Chica Boom Chic”

Link para o vídeo:


NELSON RODRIGUES
Considerado por muitos o maior dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues inaugura o teatro moderno no Brasil. O marco se dá pela estreia da peça “Vestido de Noiva”, dirigida pelo polonês Ziembinski, em 1943. 
As principais características do Teatro de Nelson Rodrigues são a comicidade e a quebra de padrões morais impostos pela sociedade carioca de seu tempo. Apesar de ser considerado um grande autor, Nelson Rodrigues gera polêmica no o meio artístico por suas posições políticas reacionárias e seu apoio político declarado à Ditadura Militar, que se instaurou de 1964 a 1985, no Brasil.
Nelson Rodrigues provocava o público através de peças psicológicas e do gênero literário fundado pelo autor, as tragédias cariocas, ou seja, o gênero da tragédia adaptado para o contexto social do Rio de Janeiro em meados do século XX. Algumas de suas peças, além de ”Vestido de Noiva”, são: “Os Sete Gatinhos”; “O Beijo no Asfalto”; “Bonitinha, mas ordinária”; entre outras.

PDF da peça “Vestido de Noiva”: http://semac.piracicaba.sp.gov.br/ceta/vestidodenoiva.pdf

Montagem da peça “Vestido de Noiva”, em 1943.

TEATRO BRASILEIRO DE COMÉDIA (TBC)
O Teatro Brasileiro de Comédia nasceu em 1948 como um espaço de teatro amador no centro de São Paulo, com uma companhia teatral própria, o qual mais tarde seria abrigo para alguns dos maiores profissionais de Teatro do Brasil. Patrocinado pela elite paulistana e pensado pelo burguês Franco Zampari, o teatro foi importante para a aceitação do teatro pela sociedade civil e pelo crescimento do público. 
A Companhia TBC atuou neste espaço até 1964. Durante a década de 1960, foram montadas peças de autores importantes da literatura brasileira, como Jorge Amado, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e José Lins do Rego neste espaço. Alguns dos grandes autores que fizeram
nome neste teatro foram: Cacilda Becker, Paulo Autran, Cleyde Yáconis e Fernanda Montenegro.

Teatro Brasileiro de Comédia, no bairro da Bela Vista, centro de São Paulo, fechado desde 2008.

TEATRO OFICINA
A companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona, que é hoje uma das maiores do Brasil, foi fundada no final dos anos 1950, no Largo São Francisco, Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, por José Celso Martinez Corrêa, Amir Haddad e Carlos Queiroz Telles e é hoje dirigida por Zé Celso. 
O Teatro Oficina é palco de arte de vanguarda e resistência ao longo de sua história. O tropicalismo e a inspiração no movimento antropofágico de Oswald de Andrade estiveram presentes na estética e no conteúdo de suas montagens desde os anos 1960, tendo levado ao público peças com metáforas sobre a Ditadura Militar que tomou conta do país em 1964. Um exemplo destas peças é “Roda Viva”, de Chico Buarque, que esteve em cartaz em 1968 e voltou a ser exibida de 2016 a 2019.
Inicialmente, o palco do Teatro Oficina era cercado por platéia de seus dois lados. Em 1966, houve um incêndio no teatro. A reforma transformou o palco em uma roda giratória. Em 1990, com a reabertura após um período de pausa, reformou-se em um corredor com plateias de 3 andares de seus dois lados. 
O período de pausa deu-se por conta da repressão da Ditadura Militar e do auto exílio do diretor Zé Celso, em 1974. O retorno se deu somente depois da Anistia aos crimes políticos do período, em 1979. Zé Celso hoje é responsável pela formação de centenas de artistas.


Fotos em ordem: Teatro Oficina em 1964; Teatro Oficina em 1968; Incêndio no Teatro Oficina;Teatro Oficina atualmente; Artistas do Tropicalismo.

TEATRO DE ARENA
Entre as décadas de 1950 e 1960, o Teatro de Arena surgiu como ideia do homem de teatro José Renato, com a finalidade de produzir um teatro de baixo custo, acessível. Iniciou as atividades em 1953, mas foi em 1958, com a peça “Eles Não Usam Black- Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, que o Teatro de Arena ganhou as graças do público. A peça, de cunho sócio-político e preocupada com a questão operária, teve música de Adoniran Barbosa e ficou em cartaz durante um ano inteiro.
O primeiro elenco de atores profissionais do Teatro de Arena contou com nomes hoje consagrados, como José Renato, Sérgio Britto, Henrique Becker, Geraldo Mateus, Renata Blaunstein, Monah Delacy e Eva Wilma.
O dramaturgo Augusto Boal montou peças de denúncia e mobilização política, com inegável influência de Bertold Brecht, mas a repressão dos anos de chumbo da Ditadura Militar, com o AI-5 e a censura, impediram que este trabalho continuasse a ser desenvolvido. O Teatro de Arena termina, portanto, em 1972.

Teatro de Arena em funcionamento.

TEATRO DO OPRIMIDO
Fundado por Augusto Boal no início da década de 1970, o Teatro do Oprimido é um método socializante de fazer teatro. Através de técnicas e jogos teatrais, o Teatro do Oprimido busca a transformação social através da arte. Assim como o educador Paulo Freire acreditava na transformação de pessoas e, dessa forma, da sociedade, através do diálogo e da educação, Boal acreditava nessa transformação utilizando o Teatro como meio de troca.
No Teatro do Oprimido, todos podem fazer teatro. Augusto Boal promove o diálogo entre espectadores e atores, visando possibilitar ao público a apropriação dos meios de produção teatral, democratizando a arte. Organiza-se movimentos e pessoas através do Teatro do Oprimido, transformando-se física e intelectualmente as pessoas que dele participam, ao passo que se trata de questões políticas. 

"Tenho sincero respeito por aqueles artistas que dedicam suas vidas exclusivamente à sua arte - é seu direito ou condição! - mas prefiro aqueles que dedicam sua arte à vida."
-Augusto Boal. O teatro do oprimido.

Augusto Boal

CONTINUA NA PRÓXIMA AULA!!

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